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ESTUDO DO IPEA MOSTRA QUE DESIGUALDADE NA DISTRIBUIÇÃO DE RENDA DIMINUIU POUCO NO RS

Pesquisa também aponta que miséria deve acabar em 2015 no Estado

Entre 1995 e 2008, o Rio Grande do Sul reduziu o percentual de pobreza absoluta de 31,5% para 19,5% da população. O número de miseráveis caiu de 11,4% para 6%. A queda, no entanto, não representa equilíbrio na distribuição de renda.

Pela metodologia utilizada pelo Ipea, o Índice de Gini, a desigualdade mudou pouco no período. Em 1995, os gaúchos tinham índice de 0,56. Em 2008, esse indicador ficou em 0,50.

A escala, que varia de um a zero, indica que, quanto mais próximo de um, maior o fosso entre os que têm mais e os que recebem menos dinheiro.

Estipular metas para a melhoria dos índices de distribuição de renda e desenvolver mecanismos para que a sociedade possa cobrar por elas são ações apontadas por Márcio Pochmann, presidente do Ipea, como caminhos para obter um quadro social mais equilibrado.

Miséria deve acabar em 2015 no RS

Imagine ver o Rio Grande do Sul sem miséria ou pobreza absoluta – condições em que pessoas vivem com um quarto ou meio salário mínimo por mês. A projeção pode tornar-se realidade em 2015, aponta levantamento divulgado ontem pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), órgão do governo federal, com base nas taxas de redução da pobreza absoluta e da miséria no país.

O quadro será obtido caso o ritmo de redução nos índices de pobreza continue crescendo, segundo o órgão. Baseado em dados de 1995 a 2008, o estudo revelou que 13 milhões de brasileiros deixaram a condição de pobreza extrema no país (veja quadro ao lado). Pela projeção, o Brasil não terá mais miseráveis em 2016 e somente 4% da sua população viverá em pobreza absoluta. Em 2008, esses percentuais eram de 10,5% e 28,8%, respectivamente.

Obter esse resultado, no entanto, não depende somente de estatísticas. De acordo com o sociólogo Salvatore Santagada, da Fundação de Economia e Estatística (FEE), os programas sociais de distribuição de renda, a previdência para idosos e portadores de necessidades especiais e a participação de mais pessoas no mercado de trabalho foram os responsáveis pelo aumento na renda. A ascensão da classe C reflete o momento da economia do país. Mas alerta que será necessário fazer com que essas políticas públicas se somem ao aumento na atividade econômica para erradicar as condições subumanas de vida no país e no Rio Grande do Sul.

O professor do Programa de pós-graduação em Economia da UFRGS, Sabino Porto Jr avalia que o Estado sofreu décadas com o desequilíbrio das contas, freando investimentos e, consequentemente, o crescimento do PIB – o que teria ocasionado essa desafasagem em relação aos Estados vizinhos. Para ele, porém, é preciso relativizar os resultados da pesquisa, que não mostra os índices de qualidade de vida do Rio Grande do Sul:

– Considerando questões como saúde, educação e saneamento básico, teremos um quadro mais otimista no Rio Grande – destaca.

Especialista nos estudos sobre renda, o coordenador do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getulio Vargas, Marcelo Neri, faz um contraponto. Somente haverá erradicação da miséria e da pobreza em 2016, se o país destinar investimentos de todas as áreas para os programas sociais ou se houver um crescimento no PIB em níveis superiores aos da China.

– Prefiro uma meta mais realista, de reduzir pela metade a pobreza e a miséria. Para isso, será necessário financiar a distribuição de renda que promova a qualificação pessoal através da educação e da saúde.

*Zero Hora online

 

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