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ALTA NOS CUSTOS DIFICULTA AVANÇO DO PROGRAMA MINHA CASA, MINHA VIDA NO SETOR DE BAIXA RENDA

Na faixa de três a seis mínimos, meta é superada, enquanto entre zero e três, atinge menos de 60%

Com sucesso na faixa que atende pessoas com renda entre três e seis salários mínimos, o Minha Casa, Minha Vida ainda não conseguiu demonstrar, no Estado, a mesma força na categoria que concentra famílias de baixa renda, que têm vencimentos de até três mínimos. Enquanto a meta para o grupo de três a seis salários já foi ultrapassada – chegando a mais de 29 mil unidades contratadas -, no de zero a três, atingiu 55,84%, com 11,4 mil contratos assinados.

Em relação ao objetivo, o Estado atingiu 85,5% do proposto, mas separadamente, as categorias têm desempenho diferente. Entre os motivos apontados para a falta de interesse em atuar no segmento mais popular está a defasagem de valores. Calculada com base nos custos de dezembro de 2008, a quantia de R$ 45 mil para apartamentos e R$ 41 mil para casas – no caso de habitações para a faixa de zero a três salários – não se adequaria mais aos preços atuais. Para imóveis na faixa de três a seis salários, os preços pagos são outros – até R$ 130 mil na Capital, R$ 100 mil na Região Metropolitana e R$ 80 mil no Interior.

– O que se percebe é uma variação grande do custo da mão de obra. Além disso, os materiais ficaram mais caros. É mais atrativo para a construtora atuar na outra faixa – explica Hugo Scipião Ferreira Júnior, vice-presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon-RS).

Segunda fase do programa vai ter novos valores

Com a desvalorização de preços, o governo anunciou que fará uma revisão na segunda etapa do projeto. Para o diretor geral do Departamento Municipal de Habitação (Demhab) de Porto Alegre, Humberto Goulart, a quantidade de unidades já contratadas na Capital também evidencia a dificuldade em atrair as construtoras para atuar no segmento mais popular. Enquanto na faixa de zero a três salários foram assinados 1.448 contratos, no segmento seguinte, de três a seis salários, o número é mais de duas vezes maior: 3.188 contratos.

Por enquanto, ainda não se sabe quantas das 56,6 mil pessoas que se inscreveram para participar do programa na Capital – na faixa de zero a três salários, o cadastramento é feito via prefeituras – efetivamente se encaixam neste perfil. A estimativa do Demhab é de que esse número caia para 15 a 20 mil.

Capital deve ter novas inscrições

Para ajudar a acelerar as vendas na faixa de três a seis salários mínimos – e abranger famílias que não venham a se encaixar no segmento de mais baixa renda -, o Departamento Municipal de Habitação (Demhab) de Porto Alegre deve abrir um novo cadastramento dentro de 15 a 20 dias, como explica o diretor-geral Humberto Goulart.

O primeiro empreendimento voltado a esse público a ficar pronto em Porto Alegre – o Condomínio Repouso do Guerreiro, com 300 unidades – deve ser entregue até outubro. Na obra, a alta dos custos – contraposta ao preço fixo do imóvel – foi sentida de perto. Além desse, outros dois empreendimentos voltados a famílias com vencimentos entre zero e três salários, o Jardim Paraíso e o Camila I, devem ser entregues, na Capital, até dezembro.

*Zero Hora

 

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