Governo e bancos privados estão em batalha sobre a questão dos juros. As instituições financeiras afirmam que é preciso baixar os impostos e aumentar a segurança nos empréstimos para reduzir as taxas, enquanto a União afirma que os bancos podem diminuir seus ganhos. Os dados do Banco Central (BC) mostram que um dos lados pode ter razão, pois, de 2003 a 2011, o lucro do sistema bancário cresceu 250%. Para se ter uma ideia, a renda do trabalhador subiu 22,24% no mesmo período.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a renda média do brasileiro foi de R$ 1.329,69, em 2003, para R$ 1.625,46 em 2011, enquanto os ganhos dos bancos subiram de R$ 16,97 bilhões a R$ 59,39 bilhões no mesmo período, segundo o BC.
Nunca desceu
O crescimento vertiginoso dos lucros dos bancos, segundo a economista da Fundação Getulio Vargas (FGV) Myrian Lund, começou em 2003, quando o então recém-eleito presidente Luiz Inácio Lula da Silva assumiu o poder. Com a insegurança no mercado na época, a taxa básica de juros, Selic, teve que subir, até alcançar 26,32% em março de 2003. Como serve de base para a rentabilidade dos Certificados de Depósitos Interbancários (CDIs), que são a forma como os bancos conseguem dinheiro no mercado, as taxas aos consumidores dispararam.
Desde então, porém, a Selic vem caindo, mas o mesmo não ocorreu com os juros para o consumidor.
– Recentemente, vimos a Selic cair de 13% para os atuais 9,75%. Enquanto isso, o consumidor que pagava 12% começou a pagar 11,8%. Os lucros dos bancos somente aumentaram, enquanto seus custos foram reduzidos – disse Myrian.
Fonte: O Globo