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DIÁLOGOS PARA AÇÃO DEBATEU PREVENÇÃO DE RISCOS NO LOCAL DE TRABALHO

O Diálogos Para Ação desta sexta-feira, 24 de maio, contou com a presença do professor Paulo Antônio Barros de Oliveira, médico, especialista em Medicina do Trabalho e doutor em Engenharia de Produção.

Com o auditório da Casa dos Bancários cheio, o professor falou sobre o tema "Prevenção e Identificação de Riscos no Local de Trabalho". Segundo ele, as chamadas doenças ocupacionais, bem como as demais enfermidades, passam por transformações. "A LER que vemos hoje nos bancários evoluiu em relação a alguns anos atrás", concluiu. Ele também lembrou que a própria formulação do nome LER – Lesão por Esforço Repetitivo – vem do movimento sindical, que visava enfatizar que se trata de uma doença ocupacional.

O palestrante mencionou dados conhecidos da categoria, como o fato de que a incidência de hipertensão é maior entre bancários que na média da população, e chamou a atenção dos presentes para uma curiosa transformação pela qual o mercado de trabalho vem passando: os bancos, especialmente os privados, contam com a não expectativa de construção de carreira por parte de seus novos contratados. "Basta conferir o perfil dos ingressantes", convidou ele. "Muitos são jovens estudantes que trabalham durante o dia, estudam à noite e pretendem seguir a carreira que as universidades vão lhes dar, e não o trabalho no banco".
Essa característica pode ser indicadora de que o bancário ou bancária, ao começar a sofrer de lesões físicas ou adoecimento mental em decorrência do trabalho, deixa o posto e vai cumprir outra carreira. Assim, a instituição não arca com as consequências do dano que ela mesma produziu.

O professor Paulo destacou que a abordagem do sofrimento mental como doença ocupacional está no começo. "Tanto por parte do movimento sindical quanto por parte da Universidade, ainda estamos em fase de construção de diagnóstico", afirmou. Diferentemente das doenças físicas, como lesões, que podem ser comprovadas em laudos e exames, os sintomas do sofrimento mental são mais difíceis de se constituírem em provas que atribuam sua causa ao local de trabalho.

Ao longo da palestra, muito se falou nos riscos aos quais os trabalhadores estão expostos no exercício de sua profissão. Choques elétricos por fiações inseguras, falta de saídas de emergência, aparelhos de ar condicionado não limpos, poluição sonora são alguns deles. Entretanto, o professor Paulo destacou por onde deve se dar o enfrentamento: "Prevenção de acidente de trabalho não é ato técnico, é ato político. Não precisa ser médico ou engenheiro para exigir boas condições de trabalho. Considerar isso é enterrar o movimento sindical".

O palestrante enfatizou a importância da ação sindical nos temas da saúde do trabalhador e da prevenção de riscos e acidentes. "O problema é coletivo, e os bancos sabem disso. Não é à toa que tentam tratar como problema individual", provocou. "Os trabalhadores precisam construir ferramentas próprias de diagnóstico e combate das doenças ocupacionais e dos acidentes de trabalho".

*Fetrafi-RS

 

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