Em entrevista ao jornal italiano "La Repubblica" publicada no domingo, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, 68 anos, defendeu o legado econômico dos 11 anos de governo petista ao comentar a grave crise na zona do euro.
Indagado sobre a fragilidade da economia brasileira, o presidente de honra do PT respondeu com outra pergunta: "Do ponto de vista macroeconômico, qual outro país, além da China, criou as condições de crescimento do Brasil? Nossos críticos dizem que o melhor é reduzir a oferta de emprego para reduzir a inflação, mas para nós a defesa do emprego é mais importante que a inflação".
Sobre a Copa do Mundo, Lula afirmou que não há possibilidade de fracasso.
"O único risco que corremos é de não vencermos no campo", disse.
O ex-presidente afirmou que o país sairá da Copa fortalecido, mas admitiu que algumas obras de infraestrutura só serão completadas depois do evento.
Sobre os protestos que se esperam para a Copa, Lula comentou que "eles são naturais numa democracia" como a brasileira e que ele, como filho do movimento sindical, não poderia condená-los. "A ascensão social funcionou. Agora os brasileiros querem mais, justamente. Essa é a efervescência de nossa sociedade: a democracia não é um pacto de silêncio, mas a busca por melhores condições."
Em meio às especulações de que poderia ser candidato neste ano, Lula negou. Mas deixou um suspense quanto ao futuro. "Depois, não posso excluir nada, a política é imprevisível. Mas a natureza é implacável, em 2018 estarei com 72 anos", declarou.
Maduro e Pizzolato
Lula também comentou o cenário internacional. Para ele, o presidente venezuelano Nicolás Maduro errou ao não dialogar com a oposição. O ex-presidente comentou ainda sobre o ativista Cesare Battisti, refugiado no Brasil apesar dos quatro assassinatos na Itália. "Respeitei a decisão da Justiça brasileira."
Sobre o petista Henrique Pizzolato, condenado no mensalão e preso na Itália, disse que é preciso "respeitar a decisão da Justiça italiana".
Valor Online