Resultado da votação frustrou a CUT-RS e centrais sindicais
Por 26 votos favoráveis e 22 contrários, a base aliada do governo Sartori aprovou o requerimento de preferência, apresentado pelo deputado Gabriel Souza (PMDB), para a votação do texto original do projeto. A mesma manobra regimental foi usada em 2016.
Com isso, foram derrubadas todas as emendas, como a de autoria dos deputados Elton Weber (PSB), Álvaro Boessio (PMDB) e Stela Farias (PT) que previa um reajuste de 8,1%, negociada na última terça-feira (18) na perspectiva de aprovação. As centrais sindicais tinham defendido um aumento de 8,49%, que recuperaria a perda do ano passado em relação ao salário mínimo nacional.
Sem possibilidade de apreciar emendas, os deputados aprovaram por 46 votos a 2 o projeto encaminhado por Sartori, que prevê um reajuste de 6,48%, igual ao mínimo nacional, porém abaixo do INPC de 6,58% em 2016.
Com Sartori, mais um reajuste menor do que a inflação
"Pela segunda vez na história do mínimo regional, o percentual aprovado fica abaixo da inflação”, protestou o secretário de Relações do Trabalho da CUT-RS, Antônio Güntzel. A primeira vez foi no ano passado. Ele criticou também a demora do governador para enviar o projeto e dos deputados para colocar em pauta o projeto.
"A votação aconteceu quase três meses após a data base, que é 1º de fevereiro, e, mesmo que os trabalhadores recebam de forma retroativa, ficaram com perdas acumuladas desde o reajuste do ano passado, que não foram recuperadas”, disse Antonio.
O dirigente da CUT-RS observou ainda que a emenda, que deixou de ser votada pelos deputados, por força da manobra da líder do PMDB, "representaria um acréscimo de somente R$ 17 por mês aos trabalhadores beneficiados”, o que não seria um custo elevado para as empresas."Esses parlamentares favoreceram os empresários”, apontou Antonio, lembrando ainda que o mínimo regional aquece a economia local e estimula o desenvolvimento do estado.
Base de Sartori não valoriza mínimo regional
Na tribuna, os deputados da oposição argumentaram que a valorização do mínimo regional era importante porque dizia respeito a categorias que não possuem um piso salarial e não possuem sindicatos com poder de mobilização para negociar melhores salários junto aos empresários.
O deputado Altermir Tortelli (PT) salientou que o índice de 1,7% a mais do que a proposta do governo representava apenas R$ 17 na primeira faixa do mínimo regional. A deputada Stella Farias (PT) pontuou que, em 2016, pela primeira vez em 16 anos, um governo do Estado reajustou o mínimo regional abaixo da inflação.
O deputado Pedro Ruas (PSOL) defendeu que um reajuste maior representava maior consumo e crescimento das vendas, o que beneficiaria os empresários, e consequente maior arrecadação de impostos, favorecendo o governo.
Nova confusão do deputado Van Hattem
O único a se manifestar contra o reajuste do mínimo regional foi o deputado Marcel Van Hattem (PP), que disse que a questão não deveria ser tratada pelo Estado, e sim por patrões e empregados. Antes de posicionar-se, ele foi o pivô de mais uma confusão, quando pediu para que o presidente da Assembleia, deputado Edegar Pretto (PT), pedisse que a segurança da Casa retirasse das galerias um homem que o teria chamado de "assassino”.
Após Pretto dizer apenas que a questão iria ser analisada e pedir para Van Hattem se manter no assunto em discussão, conforme o regimento interno, o progressista disse que não cabia ao presidente da Casa fazer o papel de "animador de auditório”, o que provocou um bate-boca entre os deputados e a suspensão da sessão por dois minutos.
Quando os trabalhos foram retomados, Van Hattem tentou explicar a declaração, mas acabou por retirar a fala, pedindo para que o deputado Tortelli fizesse o mesmo com um comentário de "palhaço”, que teria sido direcionado a ele, mas isso não aconteceu.
Em sinal de protesto, os trabalhadores que estavam nas galerias ouviram o final do discurso de Van Hattem de costas.
Confira as categorias beneficiadas pelo reajuste do mínimo regional.
Quinta faixa, de R$ 1.489,24, para os seguintes trabalhadores:
a) técnicos de nível médio, tanto em cursos integrados, quanto subsequentes ou concomitantes.
*CUT-RS