Banco desligou mais de mil trabalhadores em home office sob alegação de baixa produtividade.
O movimento sindical bancário realizou, nesta quarta-feira (17/9), o Dia Nacional de Luta no Itaú, em resposta às demissões em massa promovidas pelo banco. Mais de mil trabalhadores foram desligados sob a justificativa de “baixa produtividade” no home office, sem diálogo prévio com o movimento sindical ou qualquer advertência aos funcionários.
Em Porto Alegre, o SindBancários promoveu um ato em frente à agência Passo D´Areia, retardando a abertura da unidade por duas horas. A mobilização teve como objetivo denunciar as práticas arbitrárias da direção do Itaú, tanto para os clientes que buscavam atendimento quanto para a população que circulava pela avenida Assis Brasil.
Atos aconteceram em várias outras cidades do Rio Grande do Sul.
Demissões sem diálogo não serão aceitas
Eduardo Munhoz, representante dos trabalhadores do RS na Comissão de Organização dos Empregados (COE) do Itaú, criticou a postura do banco.
“O Itaú usou como desculpa para as demissões o controle das atividades no home office. Mas esse monitoramento nem foi discutido com o movimento sindical. Não sabemos como foi feito e o banco sequer deu retorno aos funcionários antes de desligá-los. Esses casos ocorreram em São Paulo e no Rio, mas, se não nos mobilizarmos, logo chegam no estado. O Sindicato está aqui para defender os trabalhadores e não vamos aceitar isso”, enfatizou.
A secretária da CUT-RS e trabalhadora do Itaú, Isis Garcia, reforçou a gravidade da situação. “Sou funcionária há 30 anos e nunca vi algo assim. Foram mil famílias que perderam sua renda de forma truculenta. Os trabalhadores têm direito de serem ouvidos e os motivos dessas demissões precisam ser questionados para que se busque justiça”, afirmou.
Lucros recordes, cortes imorais
Mesmo diante dos lucros bilionários, o banco segue reduzindo postos de trabalho e fechando agências. Só no primeiro semestre de 2025, o Itaú lucrou R$ 22,6 bilhões.
“Estamos aqui para mostrar nossa indignação. O banco lucra às custas do suor dos trabalhadores e, mesmo assim, continua demitindo. Quem fica, trabalha sobrecarregado, muitas vezes adoecendo. Os clientes também são impactados, precisam buscar atendimento pelo aplicativo, às vezes sem conseguir acessar os serviços que precisam”, afirmou Sandro Rodrigues, diretor do SindBancários e funcionário do Itaú.
Augusto Borges, diretor do Sindicato e conselheiro fiscal da Fundação Itaú, completou. “Queremos dar um basta nas demissões e no fechamento de agências. A população ainda demanda atendimento presencial e os colegas estão estressados, pressionados por metas e adoecidos. Lutamos pela manutenção dos empregos, das agências e por um atendimento digno aos clientes”, pontuou.
Entenda a mobilização
As demissões promovidas pelo Itaú repercutiram nacionalmente. Há relatos, inclusive, de desligamentos de trabalhadores adoecidos.
Em reunião na última segunda-feira (15/09) com a COE do Itaú, os representantes do banco se limitaram a dar justificativas operacionais, sem sinalizar reversões. Diante disso, foi deliberado pela realização do Dia Nacional de Luta, como forma de denúncia pública contra as práticas abusivas da instituição e em defesa do emprego decente.
As ações ocorreram em diversas localidades do país, com paralisações parciais e atos em agências, reafirmando o compromisso do movimento sindical com a defesa dos direitos da categoria e da sociedade.