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BANCÁRIOS COBRAM ESCLARECIMENTOS SOBRE PLANO DE RECUPERAÇÃO DO BADESUL

                                         Segundo reportagem, agência esteve ameaçada de fechamento "" 


Primeiro foi a notícia, em outubro, em plena Campanha Salarial, de que o Badesul estava com problemas sérios, inclusive sob ameaça de fechamento,  por causa de dois financiamentos. No mesmo período, o banco foi descredenciado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) por causa das mesmas operações. O descredenciamento durou três dias, o que mostra que há um exagero. Agora, o Badesul está sob os holofotes de novo e, desta vez, com anúncio de um plano de recuperação com corte de empregos da ordem de 30%.


 

O que estas notícias têm em comum, afora terem o Badesul como protagonista? Terem sido publicadas no jornal Zero Hora e não contarem com uma contrapartida do governo do Estado, nenhum ato de defesa da agência de fomento.

Nesta terça-feira (27), Zero Hora publicou reportagem, que tem diretores do banco como fontes, em que afirma que a agência de fomento "esteve ameaçada de fechamento” e que haverá cortes na folha de pagamento (leia ao final desta reportagem). Durante a campanha salarial, os colegas do Badesul escreveram um manifesto em que expunham a falácia do fechamento do banco e sua suposta crise financeira (leia aqui). Eles apresentaram números que atestam a saúde do Badesul. O plano de recuperação foi aprovado pelo Banco Central em 18 dezembro e vai até o final de 2018.

O Sindicato dos Bancários de Porto Alegre irá questionar a direção do Badesul sobre essa reportagem e o anúncio de um plano de recuperação que prevê o fechamento de 30% das vagas, inclusive da diretoria. Durante a Campanha Salarial 2016, a diretoria do banco assumiu compromisso de que os funcionários fossem representados e ouvidos sobre o plano de recuperação.

"Não é mais possível pensar que uma instituição pública não serve para nada. O Badesul é uma agência de fomento que ajuda o desenvolvimento do Estado. Quando falamos em ajudar o desenvolvimento do Estado, queremos dizer que o Badesul ajuda o Estado a sair de crises ou impede que entre em crises financeiras. O Badesul é importante instrumento de desenvolvimento das prefeituras. Agora, ele não pode funcionar como cabide de empregos para os amigos do rei que não conseguiram se eleger e arrumaram um cargo na diretoria do banco”, afirma o presidente do SindBancários, Everton Gimenis.

E a defesa do Badesul pelo governo do Estado?

Na próxima sexta-feira, dia 30, completará três meses, ou 92 dias, a cobrança que dirigentes do SindBancários, da Fetrafi-RS e da CUT-RS fizeram ao governo Sartori dentro do Palácio Piratini, em 30 de setembro. Os representantes dos bancários do Badesul , junto com funcionários, foram cobrar do governo do Estado uma postura de defesa diante dos ataques da mídia dominante em relação aos financiamentos realizados dentro da lei (leia aqui).

"Fomos até o Palácio Piratini e pedimos que o governo publicasse uma nota pública em defesa do Badesul, porque os funcionários estavam sendo cobrados, até mesmo por seus familiares, sobre casos de corrupção dentro do banco. Claro que não foi o caso, mas o tom das reportagens do jornal Zero Hora suscita suspeitas. Nós acreditamos que, em tempos de crise financeira, um Estado precisa de agências de fomento que desenvolvam a economia, como é o caso do Badesul, e bancos lucrativos, como é o caso do Banrisul”, acrescentou Gimenis.

O que o presidente do Sindicato quer dizer e o que podemos compreender a partir da falta de ações do governo do Estado e do governo federal é que bancos como o Badesul e o Banrisul correm risco real e imediato de privatização. O projeto de austeridade, de repetir que o Estado está em crise e que a saída é somente vender patrimônio público, é um discurso que a mídia dominante incorpora e apresenta como solução única. Janeiro vai começar exigindo a nossa mobilização para defender os bancos públicos.

Os números do Badesul

> Nos últimos três anos, o Badesul financiou cerca de 3 mil projetos em todo o Estado, o que gerou em torno de 51 mil empregos diretos.

> Entre 2011 e 2014, o Badesul investiu cerca de R$ 291,1 milhões em financiamento para prefeituras, beneficiando 223 municípios.

> Entre 2011 e 2014, o agronegócio recebeu R$ 1,4 bilhão em financiamento do Badesul.

> Entre 2011 e 2014, o financiamento para empresas chegou à casa dos R$ 2 bilhões.

Leia abaixo a reportagem de Zero Hora desta terça sobre o plano de recuperação do Badesul.

Futuro do Badesul terá venda de operações e cortes na folha de pagamento

Agência gaúcha de fomento, que esteve ameaçada pelo fechamento de portas, aprovou junto ao banco Central um plano de recuperação que prevê a execução de medidas até 2018

Por: Carlos Rollsing

Depois de episódios recentes que mancharam sua imagem no mercado e quase determinaram o seu fechamento, o Badesul iniciou a execução de um plano de recuperação com ações que deverão ser colocadas em prática até o final de 2018. As medidas têm o objetivo de equilibrar as finanças do banco de fomento do governo estadual, com redução de despesas, busca por novas receitas e adoção de maior rigor nas análises de crédito, uma tentativa de evitar os calotes sofridos pela instituição entre 2012 e 2014.

O plano de recuperação do Badesul foi aprovado pelo Banco Central no dia 18 de dezembro. Dos três pilares que o sustentam, um dos mais importantes é o da "readequação da carteira de ativos”. A agência gaúcha colocará à venda no mercado as suas operações em prejuízo. Isso significa que o banco reunirá em um pacote os contratos das empresas que tomaram empréstimos e não pagaram, entrando em inadimplência.

O Badesul é credor e tem dinheiro a receber, mas não sabe quando isso irá acontecer, já que muitos dos seus devedores estão em processo de recuperação judicial _ casos da Wind Power Energy e da Iesa Óleo e Gás, que tomaram R$ 50 milhões e R$ 40 milhões, respectivamente, e não quitaram a dívida, conforme revelou série de reportagens de Zero Hora.

Para antecipar essas receitas e se viabilizar, o Badesul colocará os créditos à venda no mercado com deságio, em leilões. Os valores das negociações serão precificados por uma empresa especializada, explica a presidente do banco, Susana Kakuta. Para o investidor que comprar os papeis, a vantagem é a chance de, no futuro, receber as cifras integrais das devedoras, o que garantiria o lucro.

Outro item da reestruturação é o "ajuste institucional”, que prevê reduzir em 30% o tamanho da folha de pagamento do Badesul. Para alcançar o objetivo, será mantido o Plano de Demissão Incentivada aberto em outubro passado. Também está programada a redução do número dos cargos de chefia da instituição em 25%.  A presidência do banco está sugerindo ao governo estadual – controlador majoritário – o corte de diretorias, passando das seis atuais para três. Essa medida depende de aprovação na próxima assembleia de acionistas, em março de 2017.

A proposta de enxugar diretorias não deixa de ser parte de uma adequação do banco à lei das estatais, que traz restrições para os ocupantes de cargos de direção em bancos públicos, sobretudo para políticos. Três dos seis atuais dirigentes do Badesul, Mano Changes, Paulo Odone e Kalil Sehbe, todos candidatos em eleições recentes, devem enfrentar dificuldades para se manter nos postos devido à nova legislação.

O mandato da atual diretoria vence em 30 de abril e, para a próxima gestão, será necessário obedecer aos ditames da nova norma. Ainda no item do "ajuste institucional”, o Badesul adotará metodologia mais rigorosa de atribuição de nota e avaliação de risco dos clientes que pedem empréstimo, próxima da praticada pelo BNDES.

 – Vamos ter análise muito mais robusta. Teremos, por exemplo, a análise de risco setorial, que não tínhamos – explica Susana.

Com o novo modelo, não será verificada somente a saúde financeira da empresa, mas também do nicho empresarial em que ela se insere. A ideia é antecipar riscos de quebras e evitar calotes. Análises de crédito frágeis, com desrespeito a normas do Banco Central, causaram prejuízos milionários em contratos assinados pela gestão que esteve à frente do banco entre 2011 e 2014.

Devido aos problemas de gestão, o BNDES chegou a rebaixar a zero a nota do Badesul em setembro de 2016. Isso inviabilizava a agência gaúcha, que ficaria sem fontes de recursos, mas o banco federal reconsiderou a posição semanas depois, após a promessa de reestruturação financeira.

O último item do plano de recuperação é a geração de novas receitas. Um dos caminhos seria a prestação de consultorias financeiras para municípios gaúchos, que estão entre os tomadores de empréstimo mais assíduos.

 

*SindBancários com Zero Hora

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