O SindBancários e a Fetrafi-RS realizaram o Dia de Luta #MenosMetasMaisSaúde, com ato nesta quinta-feira (25/7) no Centro de Porto Alegre. Trabalhadores bancários e dirigentes sindicais se concentraram na praça Montevideo, em frente à agência do Banco do Brasil, para denunciar as metas abusivas, que geram adoecimento da categoria, e pressionar os bancos a mudarem o modelo de gestão que afeta a saúde mental dos trabalhadores. A atividade marcou o dia em que o Comando Nacional dos Bancários e a Comissão de Negociações da Federação Nacional dos Bancos (CN Fenaban) se econtrou, no âmbito da Campanha Nacional da categoria, para discutir saúde e condições de trabalho, com foco na política de metas praticadas pelas empresas.
A manifestação na Capital gaúcha contou com falas dos dirigentes sindicais e intervenções de hip hop, com rimas sobre as mazelas cotidianas dos trabalhadores do ramo. Diretor de Saúde do Sindicato, Rodrigo Rodrigues destacou que é inaceitável a situação enfrentada pelos colegas nas agências. “Estamos aqui novamente dizendo o que temos que repetir toda vez pros banqueiros: chega de adoecimento, de bancário batendo na porta do Sindicato dizendo que não aguenta mais! O adoecimento da categoria só cresce, o índice de suicídio é altíssimo, enquanto os lucros dos bancos só aumentam. Então deixamos bem claro: bancário não é despesa, é fator multiplicador de lucro dos bancos. Não dá mais, chega, menos metas, mais saúde!”, defendeu.
Conforme a dirigente da Fetrafi-RS, Sabrina Muniz, a categoria está adoecendo cada vez mais. “Não é normal quando a gente vê a pesquisa que saiu ano passado dizendo que, em 2022, 75% dos afastamentos por acidente de trabalho foram relacionados à saúde mental dentro da Caixa, e na categoria bancária foi quase 60%, sendo que, no mercado de trabalho como um todo, não chega a 7% os afastamentos por saúde mental. Não é normal trabalhar à base de medicamentos, com atestado na bolsa, mas trabalhando mesmo assim, pois não pode deixar o colega na mão. Nossos colegas estão adoecidos e precisam de socorro!”, denunciou.
O ex-presidente do SindBancários e vereador da Capital, Everton Gimenis, reforçou que o setor financeiro é o que mais lucra no país e “só quer aumentar o lucro, em detrimento da saúde da categoria e de prejuízos para a população. O tema da saúde é prioritário, pois cada vez mais os bancos diminuem o número de trabalhadores e fecham agências, enquanto aumentam as metas e a exploração de quem permanece atuando nas agências”, destacou.
Para o diretor da Fetrafi-RS, Sérgio Hoff, toda a população é afetada pelo endividamento causado pelos altos juros praticados pelos bancos, em especial no contexto pós-enchentes no RS. “Estamos cobrando que os bancos adotem medidas sérias para atender a população que mais precisa, não só fazer propaganda, como a Fenaban, que anunciou que havia se mobilizado para ajudar os afetados, mas na verdade era só crédito pessoal, com juros de 8% ao mês.Isso é um absurdo! Precisamos de medidas extremas para resolver a situação do nosso estado, pois isso também é fator de adoecimento dos colegas. E, ao invés de anunciar medidas de apoio à população, os bancos anunciam fechamento de agências atingidas pelas enchentes!”, ressaltou.
O secretário-executivo do Sindicato, Luiz Cassemiro, comentou sobre as pautas da Campanha Salarial dos Bancários. “A luta dos bancários não é só pelas suas pautas, mas também por menos juros para a população, o que dialoga com todo povo brasileiro. Outra pauta prioritária que o movimento sindical negocia com os banqueiros é sobre o adoecimento, que aumenta a cada dia na categoria, com cerca de 25% de afastamentos pelo INSS (em 2023), número que vem aumentando a cada ano, além de pedidos de demissão. Temos também gestões assediadoras nos bancos, com casos de assédio moral e sexual, e não vamos permitir isso!”, afirmou.
Segundo a diretora da Fetrafi-RS e secretária de Combate ao Racismo da CUT-RS, Isis Garcia Marques, a categoria é sempre muito unida e forte nas campanhas salariais, em busca não apenas de reposição salarial, mas também de condições de trabalho decentes. “Aproveito para convidar todos a participarem do nosso evento hoje, às 18h na Fetrafi-RS, em alusão ao Dia Internacional da Mulher Negra, Latino-americana e Caribenha, que será um momento de reflexão e celebração, pelo espaço das mulheres negras inclusive no mundo do trabalho”, disse.
O diretor do SindBancários, Jailson Prodes comandou o microfone na atividade, denunciando os problemas enfrentados pela categoria. “Essa é uma demonstração não só de luta dos bancários, mas de indignação do papel explorador que cumpre o sistema financeiro nacional, que explora o trabalhador e também a população, com altas taxas de juros para aumentar seu lucro. Então hoje nós dizemos chega de exploração!”, alertou.
Para o diretor de Cultura do Sindicato, Guaracy Padilha, é necessária a união da categoria para reforçar a mobilização da Campanha Salarial. “Fazemos uma convocação para os bancários se juntarem na campanha, para fazermos o enfrentamento aos banqueiros e podermos arrancar nossas reivindicações, que não se limitam só à pauta econômica: a saúde também nos interessa, física e mental, assim como melhores condições de trabalho para todos”, salientou.
O diretor da Fetrafi-RS, Edson Rocha, também destacou a importância do debate sobre saúde. “Nos mobilizamos neste dia de negociação sobre saúde, pois é uma pauta importante para toda a categoria e tem que ser discutida com seriedade. Pois não adianta fechar acordo coletivo e depois discutir metas abusivas, já que ocorrem em todos os bancos, públicos e privados, e adoecem mentalmente os trabalhadores, interferindo na sua vida profissional e pessoal”, ressaltou.
FETRAFI RS