Bancário admitido no ano passado teve salário 40,87% inferior ao de quem foi demitido. Contratação aumentou principalmente no Norte e no Nordeste e em cargos médios. Mulheres foram ligeira maioria.
O emprego no setor bancário cresceu em 2011, mas com salários menores, mostra pesquisa divulgada hoje (12) pelo Dieese e pela Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT). Foram criados 23.599 postos de trabalho (59.970 admitidos e 36.371 dispensados, expansão de 4,88%, resultado próximo ao do ano anterior (24.032). A combinação entre demissão de trabalhadores com remuneração acima da média e a contratação de pessoal com salário 40,87% menor tem "impacto restritivo" na massa salarial. "A rotatividade nos bancos, portanto, permite que haja expansão do emprego sem que isso implique crescimento da massa de salários", diz o estudo.
O Dieese e a Contraf lembram que o setor respondeu por apenas 1,21% do saldo de empregos formais de 2011 (1,9 milhão). O levantamento foi feito com base em números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego.
O estudo chama a atenção para o resultado do Itaú Unibanco, que eliminou 4.058 vagas (-3,97%), como resultado da reestruturação na área de crédito, informa em relatório citado pelo Dieese e pela Contraf. A instituição teve lucro líquido de R$ 14,6 bilhões no ano passado, recorde no setor. O Bradesco (lucro líquido de R$ 11,028 bilhões) teve saldo de 9.436 (crescimento de 9,91%) – um aumento associado à estratégia de expansão do atendimento bancário adotada após a perda da licitação do Banco Postal para o BB.
Os cinco maiores bancos do país tiveram expansão de 2,88% no nível de emprego (bancários ou não), abaixo do resultado total (4,88%). Além de Itaú Unibanco e Bradesco, o Banco do Brasil teve saldo de 4.784 (4,39%) e a Caixa Econômica Federal, de 2.448 (2,94%). O Santander ficou praticamente estável, com 196 a mais (0,36%). No total, esses bancos reúnem 457 mil funcionários, de um total de 507 mil.
Houve expansão do emprego apenas para faixas de até três salários mínimos. Os bancos reduziram o número de diretores, gerentes e supervisores, elevando apenas o de escriturários, auxiliares administrativos e técnicos bancários. Grande parte (40,74%) dos contratados teve, em 2011, seu primeiro registro em carteira. E praticamente 60% dos demitidos tinham menos de cinco anos de casa, enquanto 24% estavam no emprego há mais de dez anos. Do saldo de 2011, a maioria é de mulheres: 12.155 (51,5%), ante 11.444 homens (48,5%).
As regiões Nordeste e Norte tiveram crescimento no nível de emprego de 10,27% e 12,84%, respectivamente, bem acima do total nacional (4,88%). No Sudeste, onde se concentram 305 mil trabalhadores do setor, a expansão foi de 3,57%, a menor taxa entre as regiões. O emprego aumentou 4,87% no Sul e 3,74% no Centro-Oeste.
(Fonte: Brasil Atual)