Sem justificativa razoável, Bolsonaro demite presidente do Fundo de Previdência e causa temor de intervenção no patrimônio dos funcionários
A aparente falta de motivo justificável para a demissão do presidente da Previ (fundo de previdência dos funcionários do Banco do Brasil), José Maurício Pereira Coelho, anunciada como “renúncia”, na última sexta-feira, 28/05, vem causando grande preocupação entre os participantes. Em nota publicada logo após o comunicado da decisão, o ex-diretor do fundo de pensão, Francisco Alexandre, e o coordenador da Comissão de Empresa dos Funcionários do BB (CEBB), João Fukunaga, denunciaram o governo Bolsonaro, autor da mudança, por falta de ética, de respeito às regras, normas e leis no caso da demissão do presidente do fundo de pensão dos funcionários.
Bianca Garbelini (acima), diretora de Juventude e Gênero do SindBancários de Porto Alegre e Região, também funcionária do BB, lembra que a Previ tem um grande patrimônio ( com mais de R$ 236 bilhões em investimentos de renda fixa e em várias empresas do país), e que a mudança arbitrária de Bolsonaro na presidência do Fundo acende o sinal de alerta: “Devemos ficar muito atentos para que este governo não ponha a sua mão no nosso patrimônio”, adverte a bancária.
A decisão do governo sobre a Previ causou estranheza também por não haver motivo aparente que a justificasse, já que José Maurício Pereira Coelho tem uma trajetória reconhecida à frente da Previ. Seja como for, recorda Bianca, a escolha do novo ocupante do cargo deve respeitar as normas de governança do fundo de previdência, como ser funcionário do banco, associado da Previ por no mínimo dez anos e ter experiência em alguma destas áreas: financeira, administrativa, jurídica, contábil ou atuarial.
Maior fundo de pensão do país
Na nota divulgada CEBB, Fukunaga e Francisco Alexandre frisam que “a troca do presidente do maior fundo de pensão do país sem observar as normas de governança da entidade representa um risco e leva os associados a refletirem sobre as razões de se dispensar o administrador sem qualquer processo organizado de sucessão”. Lembram que a Previ tem um patrimônio relevante, com mais de R$ 236 bilhões em investimentos de renda fixa e em várias empresas do país para fazer frente ao pagamento dos benefícios dos mais de 190 mil associados com mais de 60 anos.
O texto diz, também, que a solidez do patrimônio da Previ “parece ser o que move a sanha do governo na intervenção” e que “a ação do governo mais parece a uma orquestração para colocarem as mãos no patrimônio dos associados”. E acrescenta que ‘o governo Bolsonaro mostra a cada dia que não considera valores como ética, respeito às regras, normas e leis” e que os fartos “exemplos de ligações e negócios nebulosos no governo” leva a todos a questionar sobre os motivos e intenções na mudança de administração do fundo de pensão.
São Paulo
A notícia da evidente intervenção do desgoverno Bolsonaro sobre e Previ causou muita preocupação entre associados e conselheiros do fundo dos funcionários do BB. Caso do diretor executivo do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região e conselheiro deliberativo eleito da Previ, Ernesto Izumi. Ele recordou que já houve, em governos passados, como no de FHC no início dos anos 2000, e mais recentemente no de Temer, tentativas de intervenção, que enfrentaram resistência dos trabalhadores.
“Os participantes estão preocupados e com razão. Foi a nossa luta que garantiu nosso direito de eleger metade dos membros da diretoria, dos conselhos deliberativo, fiscal e consultivos da Previ. E é essa participação dos associados na direção da Previ que impede decisões unilaterais da direção do banco e que garante a defesa dos nossos direitos. A gestão da Previ não é terceirizada, ela é feita por associados, e eles têm interesse em fazer uma boa gestão porque sabem que um dia dependerão dessas aposentadorias. Portanto, temos que evitar essa interferência com nossa organização e mobilização”, afirma.
Fonte: CEBB, com Contraf-CUT, SindBancários de SP e Edição de Imprensa SindBancários.