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BB QUER VAREJO E ATACADO NO EXTERIOR

O Banco do Brasil fez ajustes na sua estratégia de internacionalização. Se antes a ideia era atender brasileiros no exterior e empresas nacionais que atuam lá fora, agora o objetivo, mais ambicioso, é replicar no exterior o modelo de atuação do BB no Brasil, ou seja, com varejo e atacado.

O banco já havia modificado seus alvos geográficos. Depois de comprar um banco nos Estados Unidos e desistir de atuar na África, o foco passou a ser a expansão nos países da América do Sul.

"Cada região tem um foco. Na América do Sul, queremos replicar o Banco do Brasil lá fora", diz Paulo Caffarelli, vice-presidente de atacado e negócios internacionais do Banco do Brasil.

Segundo ele, os bons resultados da operação na Argentina, com o banco Patagonia, servem de subsídio para esse redirecionamento. O banco está presente em 23 países, com 49 pontos de venda, mas Caffarelli avalia que essa presença não dá escala suficiente para inserir o banco no contexto internacional. "Temos que estar preparados para competir com os bancos globais que devem buscar o Brasil como um mercado potencial. Precisamos de escala", diz Caffarelli.

Os primeiros passos serão dados no Chile, no Peru, na Colômbia e no Uruguai, provavelmente com aquisições, diz Caffarelli. Ele não revela detalhes, mas diz que há negociações em andamento para compra de instituições financeiras nesses países.

Nos Estados Unidos, onde o BB comprou o Eurobank em 2011, a estratégia de focar no atendimento de 1,5 milhão de brasileiros que moram no país foi mantida. "Queremos ter 20 agências [hoje são três] espalhadas pelo país e oferecer primordialmente serviços para o varejo local, para brasileiros e também aos latinos que moram nos EUA", diz Caffarelli. O prazo para expansão das agências é 2015, completa o executivo.

O nome também está definido. Será BB Americas, marca que pode ser adaptada para todas as operações no continente, dependendo da força do banco adquirido em cada país.

A compra do Eurobank já recebeu todas as aprovações necessárias das autoridades americanas. Os últimos ajustes nos sistemas devem ser concluídos nos próximos meses, para que a inauguração aconteça em outubro.

Complementarmente a essa estratégia, Caffarelli, que comanda a área há pouco mais de seis meses, diz que o Banco do Brasil pretende ainda expandir a atuação no mercado de capitais brasileiro. "Temos uma operação modesta. Seremos mais agressivos", diz ele, completando, sem fazer cerimônia, que o BB pretende ser o "principal banco no mercado de capitais".

Para atingir o objetivo, a instituição estatal trabalha para fechar uma parceria estratégica no exterior, plano que não é novo e já foi anunciado em outras ocasiões. A intenção é ampliar a oferta de serviços, como a distribuição de títulos no mercado internacional (tanto bônus quanto ações) ou o reforço da área de análise de empresas ("research").

A receita gerada nesse segmento é um dos trunfos do BB para ampliar a receita com prestação de serviços e compensar parte da queda de margem decorrente da redução dos juros no crédito de varejo – a outra ponta dessa aposta está na ampliação da participação do setor de seguros nas receitas do banco, de 15% para 25% do total nos próximos anos.

Segundo Caffarelli, o cenário atual – com redução da taxa básica de juros, a Selic, e dos spreads bancários – tem levado a uma compressão das margens das instituições financeiras, que pode diminuir a rentabilidade do sistema como um todo. No BB, pouco mais de 50% do resultado recorrente líquido vêm das operações de crédito.

O executivo aposta ainda que a desintermediação financeira é um caminho natural para o mercado brasileiro, com mais investidores aplicando em papéis de dívida corporativa. "Queremos fazer parte desse movimento", afirma.

O fato de a instituição financeira ter como clientes boa parte das grandes empresas e ter "espaço no balanço" para conceder crédito se mostra como um diferencial em relação a bancos de investimentos estrangeiros, diz ainda Caffarelli.

O banco de atacado atende empresas com faturamento superior a R$ 15 milhões. Nesse segmento, o BB comemora ainda que em junho o crédito para as médias e grandes empresas cresceu 6,6%, contra 10,7% em todo o semestre, indicando retomada da demanda das companhias por empréstimos.

Valor Online

 

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