O Bradesco terminou o segundo trimestre com lucro líquido de R$ 2,297 bilhões, um acréscimo de 14,7% no comparativo com os R$ 2,002 bilhões anotados entre abril e junho de 2008. No primeiro semestre de 2009, o banco verificou lucro líquido de R$ 4,020 bilhões, sendo R$ 2,732 bilhões originados das atividades financeiras e R$ 1,288 bilhão, das atividades do Grupo Bradesco de Seguros e Previdência.
Os números dão uma mostra do poderio econômico da empresa, que consegue fechar o primeiro semestre pós-crise com lucro bilionário enquanto muitas instituições financeiras fecharam as portas em função da turbulência econômica mundial.
Com todos esses recursos no cofre, o Bradesco continua ignorando os principais responsáveis pelo desempenho favorável: os funcionários. Em vez de se preocupar em oferecer condições dignas de trabalho e investir em auxílio-educação, prefere gastar milhões em campanhas publicitárias para passar à opinião público uma imagem que não corresponde à realidade.
O Bradesco voltou a mudar o conceito de sua marca. Agora, a palavra é presença. Mais uma vez, o trocadilho perfeito para que se possa cobrar uma postura do banco: ausência.
O Bradesco é ausência total em conquistas dos bancários. É o ÚNICO banco, entre todas as grandes empresas que atuam no Brasil, a NÃO CONCECER o AUXÍLIO-EDUCAÇÃO, conquista que vigora em todas as outras instituições financeiras desde 2007. Que presença é essa?
Depois de se declarar o banco completo, a o banco gastOUfortunas para anunciar em horário nobre na tevê que sua meta é inovar. Uma afronta frente ao que realmente acontece no dia-a-dia de trabalhadores, usuários e clientes do Bradesco.
O banco que "inova" é o único no Brasil que não oferece auxílio-educação aos seus funcionáriosPior do que isso: o banco "completo" se nega a cumprir a convenção coletiva mas cobra qualificação e estudo de seus trabalhadores. O banco só enrola na mesa de negociações e alega que o treinamento interno é suficiente. Só que, na prática, cobra que os bancários se aprimorem.
Também falta muito para que o banco completo cumpra sua parte e inove no quesito saúde. No Interior do Estado, há bancários que precisam percorrer mais de 100 quilômetros para conseguir uma consulta pelo convênio, denuncia o SindBancários.
O desrespeito da empresa não é só com os trabalhadores. O Bradesco ignora completamente sua responsabilidade com clientes e usuários ao não oferecer os critérios mínimos de segurança . Em Porto Alegre, por exemplo, o banco faz vistas grossas à legislação que obriga a colocação da porta detectora de metais na entrada das agências – antes do autoatendimento – e da colocação de vidros blindados nas fachadas. Clientes e usuários também são vítimas da redução de pessoal, o que tem diminuído cada vez mais o número de caixas, fazendo com que as filas sejam intermináveis.
Na prática, o banco só cobra, mas não há qualquer contrapartida. Mesmo com o lucro bilionário que o Bradesco registra a cada ano, a má vontade em atender reivindicações legítimas da categoria segue por parte da empresa. Por isso, a luta do SindBancários em defesa dos direitos do trabalhadores é constante e está cada vez mais forte.
As reivindicações dos funcionários do Bradesco
Entre as reivindicações dos bancários, estão a inclusão dos pais no plano de saúde, concessão de auxílio-educação, Plano de Cargos e Salários transparente , melhor Participação nos Lucros e Resultados, melhores salários, igualdade de oportunidades, licença-maternidade de 180 dias, respeito aos lesionados, possibilitar treinamento (Trainet) no local de trabalho e não em casa, melhores condições de trabalho, fim do assédio moral e das metas, respeito ao direito de greve, mais investimento em segurança, respeito à Lei das Filas e da Blindagem, mais bancários, menores juros e tarifas. Falta apenas o Bradesco cumprir sua parte.
Pais e filhos
Se o desejo do banco é melhorar a qualidade de vida dos funcionários, uma ótima iniciativa é pensar na família, nas preocupações e fragilidades que aparecem com o tempo e com a idade, e a necessidade da cobertura dos pais no plano de saúde, que em muitos casos, se tornam com o tempo, dependentes dos filhos.
Diversidade
A igualdade de oportunidade é um dos assuntos debatidos na campanha de valorização dos funcionários do Bradesco.
Para inovar e valorizar a categoria, uma das reivindicações é a isonomia de tratamento para homoafetivos, como a extensão de plano de saúde a parceiros do mesmo sexo, como já fazem o Banco do Brasil e a Caixa Federal.
Outro assunto é o tratamento das pessoas com deficiência. Elas são apenas 1.285 dos 86.622 trabalhadores da empresa, de acordo com o balanço social e ambiental do banco, de 2008, que não divulga se alguma dessas pessoas ocupa cargo de chefia. É preciso priorizar a contratação de trabalhadores com deficiência e, mais do que isso, pensar na ascensão profissional desses bancários.
Mulheres
O espaço das mulheres na instituição também merece atenção. Embora tenha ocorrido uma ampliação nos cargos de chefia, o percentual ainda é insuficiente principalmente em funções de maior remuneração.
Negros
Nos seus indicadores, o banco apresenta que 13.374 funcionários são negros, mas o dado não é específico da função de bancário. Isso mostra que o número de bancários negros e bancárias negras é ainda menor. Desses trabalhadores, somente 14,40% estão nos cargos de chefia.
Maternidade
Ampliar a licença-maternidade de quatro para seis meses é uma das principais reivindicações desde que a lei foi aprovada pelo Congresso Nacional. Como ela é facultativa, os bancos têm se negado a cumprir.
Além da campanha que o Sindicato está fazendo para pressionar todos os bancos, os funcionários do Bradesco estão usando o bom humor para mostrar para a empresa a importância da medida, afinal, o banco não terá ônus aos seus recheados cofres.
Até o momento apenas o Banco do Brasil implantou o benefício. Trata-se da primeira instituição do sistema financeiro a conceder o prazo de 180 dias, reivindicação que o Bradesco se recusa aplicar. Também é o único banco que ainda não oferece auxílio-educação aos seus empregados. O Bradesco segue Incompleto.
Os números do Bradesco
Entre abril e junho deste exercício, observou o banco, "a crise econômica iniciada no 4º trimestre de 2008, ainda afetou a atividade financeira, com reflexo no baixo crescimento da carteira de crédito, e com manutenção de um nível elevado de inadimplência". Em junho, os ativos totais chegaram a R$ 482,478 bilhões, com expansão de 19,7%. O patrimônio líquido subiu 10,6%, para R$ 37,277 bilhões.
A carteira de crédito total, que inclui avais e fianças, antecipação de recebíveis de cartões de crédito e cessões de crédito (FIDC e CRI), somou R$ 212,768 bilhões em junho, o que implica elevação de 18,1% perante igual intervalo do exercício passado.
"Operações com pessoas físicas totalizaram R$ 74,288 bilhões (crescimento de 13,2%), enquanto as operações com pessoas jurídicas atingiram o montante de R$ 138,480 bilhões (crescimento de 20,9%)", destacou a instituição em nota.
Fonte: SindBancários e Valor Online