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CAIXA ECONÔMICA PAGA R$ 739 MI POR 35% DO BANCO PANAMERICANO

Após oito meses de negociação, a Caixa Econômica Federal fechou ontem, por R$ 739,27 milhões, a compra de 49% do capital votante do Banco PanAmericano. A operação envolve a aquisição de 20,69% das ações preferenciais do banco do grupo Silvio Santos, deixando a Caixa com 35,54% do capital total da instituição. Os detalhes foram antecipados pelo Valor em 26 de novembro. Foi o primeiro negócio realizado pela CaixaPar e a primeira aquisição, pela Caixa, de participação acionária de um banco de capital aberto.

O presidente da CaixaPar, Márcio Percival, informou ao Valor que foram firmados um acordo de acionistas para uma gestão compartilhada do banco, assim como um acordo operacional que define quais produtos financeiros serão vendidos em cada balcão. O princípio é de que não haverá exclusividade de vendas, mas esse acordo terá que ser pormenorizado.

O conselho de administração do banco será paritário e poderá ter 11 membros, quatro indicados pela Caixa, quatro pelo PanAmericano e três independentes, sendo um escolhido pelo banco federal, outro pelo banco do grupo Silvio Santos e um terceiro de comum acordo.

A presidência do conselho será rotativa e o primeiro nome será de escolha da CaixaPar. Haverá um comitê de planejamento também paritário, cuja função será acompanhar a política de crédito, de tesouraria e de captação de recursos. Esse comitê será um elo entre o banco e o conselho de administração, explicou Percival.

Embora o controle ainda seja do grupo Silvio Santos, o comando das operações ficará a cargo do conselho. Só serão submetidos ao conselho temas de consenso, dentro de uma lista de assuntos predefinidos, como reorganização societária, aquisição de instituições, orçamento e plano de negócios.

A aquisição de fatia do banco, cuja carteira de crédito soma R$ 9,3 bilhões, dará à Caixa, que tem uma carteira de crédito na casa de R$ 40 bilhões, competitividade em alguns setores em que ela hoje não tem, como financiamento para compra de veículos, empréstimos consignados, operações de leasing e crédito direto ao consumidor.

A Caixa adotou política agressiva de expansão de crédito. Em doze meses até outubro a carteira de crédito do banco público cresceu quase 57% e, no ano, deverá apresentar aumento de 55%. Para 2010, a meta da instituição é crescer mais 30%.

Como a origem do PanAmericano é uma financeira, o banco tem larga experiência em crédito para pessoa física e financiamentos de varejo. Conta hoje com uma base de 2,5 milhões de clientes, em sua maioria de baixa renda, e 11,5 milhões de clientes de cartão de crédito. Como o banco não tem rede de agências, vai trabalhar com a rede da Caixa, que pretende fidelizar essa clientela, correntista potencial do banco federal. Segundo Percival, o objetivo da Caixa em 2010, já consolidada essa parceria, é aumentar sua fatia no mercado.

"Existem boas oportunidades de negócios na distribuição de produtos, como conta corrente, cheque especial, cartões de crédito, sistema de cobrança, entre outros", diz nota conjunta.

A sociedade "ampliará, ainda, a atuação da Caixa no segmento de crédito imobiliário, em que já responde por 74% do mercado, através da oferta desses produtos na base de clientes do PanAmericano". Segundo a nota, a presidente da Caixa, Maria Fernanda Ramos Coelho, acredita que "aquisição reforça a estratégia de democratizar a oferta de crédito e o processo de bancarização".

Segundo o presidente do grupo Silvio Santos, Luiz Sebastião Sandoval, o fato das duas instituições terem foco na baixa renda "cria uma sinergia muito grande, que irá facilitar a distribuição dos produtos de ambas as instituições".

"A operação aumenta a capilaridade dos empréstimos da Caixa junto às classes C, D e E", afirmou Venilton Tadini, o diretor de banco de investimentos do Banco Fator, que assessorou a Caixa na transação. O banco federal também contou com assessoria da empresa de auditoria KPMG e do escritório de advocacia Bocater, Camargo, Costa e Silva. O grupo Silvio Santos foi assessorado pela Previplan, do ex-presidente do Banco Central, Wadico Bucchi, e pelo escritório de advocacia Mattos Filho.

Fonte: Valor Econômico

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