Encontro virtual tratou de problemas de clima organizacional, adoecimento, falta de pessoal, designações, VPN, Saúde Caixa e diversidade
Dirigentes do SindBancários se reuniram virtualmente, nesta quinta-feira (24/7), com representantes da Gerência de Filial de Gestão de Pessoas (Gipes) e da Representação da Gestão de Pessoas (Repes) da Caixa Econômica Federal.
O encontro teve como objetivo encaminhar uma série de demandas levantadas pelos trabalhadores do banco, especialmente em relação a situações de falta de pessoal, sobrecarga, adoecimento, clima organizacional, designações, VPN, Saúde Caixa e diversidade.
Adoecimento e sobrecarga são recorrentes
A secretária-geral do Sindicato, Sabrina Muniz, destacou a necessidade de estabilidade nas gestões das unidades e reforço nas equipes. “Temos acompanhado casos em que agências estão operando com claros sinais de sobrecarga e adoecimento entre os trabalhadores. Nessas unidades, além do acúmulo de tarefas, muitas vezes não há um gerente titular designado, o que agrava ainda mais a situação, exigindo que gerentes eventuais assumam responsabilidades de forma contínua, sem o devido suporte”, afirmou.
Ela relatou o caso de uma trabalhadora que, após um longo afastamento por questões de saúde, foi realocada em agência em outra cidade, mesmo morando em Porto Alegre. “Essa colega foi atendida pelo nosso Departamento de Saúde e ficou quase um ano afastada. Agora voltou a trabalhar, mas continua enfrentando dificuldades com deslocamento e acúmulo de estresse por falta de pessoal”, destacou o diretor Paulo Caetano.
O SindBancários recebeu relatos de trabalhadores da Caixa sobre locais com sobrecarga severa, que vem gerando amplo adoecimento nas unidades. Jailson Prodes, também diretor do Sindicato, acrescentou. “Além da falta de pessoal, há metas inatingíveis. Em uma agência que visitamos, o gerente estava direto no atendimento e não conseguia cumprir suas atribuições. A unidade chegou a registrar filas de espera até a rua. Isso pressiona os colegas e compromete sua saúde mental”, pontuou.
As representantes da Gipes e Repes reconheceram a gravidade da situação. Segundo elas, nesses casos são realizadas visitas para elaboração de um diagnóstico sobre a situação em cada unidade, enviado para a Superintendência Regional (SR), que define as ações a serem adotadas.
Racismo e diversidade: avanços e desafios
A Caixa está em processo de renovação dos comitês temáticos de diversidade, ampliando os eixos de atuação para temas como raça, gênero, etarismo e pessoas com deficiência, conforme previsto no Acordo Coletivo de Trabalho (ACT). A iniciativa dá continuidade a estruturas que já existiam, agora com proposta de fortalecimento e ampliação do debate.
O diretor Paulo Caetano comentou sobre algumas ações em andamento. “Buscamos pessoas engajadas que tragam propostas concretas. O coletivo Caixa Preta propôs uma roda de diálogo e a criação de um protocolo de atendimento a casos de racismo, que deve ser lançado até novembro”, contou.
Ele também destacou a importância de dar visibilidade à política de cotas raciais nos concursos da Caixa, mencionando o último processo seletivo, que já contou com esse critério. “Participamos da integração em Porto Alegre e vimos que dois colegas foram admitidos pelas cotas. Mas ainda faltam dados sobre o total no RS”, disse.
Saúde Caixa: estruturação e mobilização
Outro ponto de pauta foi o funcionamento dos Comitês do Saúde Caixa. A secretária-geral destacou a importância de estruturar o trabalho dos comitês para além dos casos individuais. “Nosso comitê já demonstrou flexibilidade. Agora precisamos de uma atuação mais estratégica. Também discutimos, no nosso encontro regional, a proposta de criar um fórum com participação de entidades e comitês para mobilizar os colegas no debate sobre o plano”, salientou.
Ela também informou que a Caixa planeja o compartilhamento de rede do Saúde Caixa com a Cassi, como forma de ampliar a cobertura e economizar com reembolsos integrais. Entretanto, isso só deve ser realizado inicialmente em algumas localidades consideradas mais críticas.
CATs e afastamentos
O Sindicato voltou a cobrar da Caixa a emissão de Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT), após encaminhar um caso recente em que a empresa se recusou a emitir o documento, mesmo diante de um grave episódio ocorrido durante a jornada. Em resposta, a Caixa afirmou que apenas emitirá a CAT mediante reconhecimento prévio do INSS, o que, além de contrariar a legislação, revela uma postura preocupante e inaceitável.
A entidade alerta para sinais claros de subnotificação de acidentes e adoecimentos relacionados ao trabalho, o que compromete o acesso dos empregados aos seus direitos. Também foram mencionadas dificuldades enfrentadas por colegas em licença-saúde, inclusive em relação ao pagamento de benefícios, e os entraves para o próprio Sindicato atuar diante da ausência de informações e da falta de uniformidade nos procedimentos adotados pelo banco.
O Sindicato reiterou a cobrança para que a Caixa nivele os procedimentos e disponibilize materiais com orientações objetivas, garantindo mais segurança e clareza para os trabalhadores.
Mudanças na VPN
Duas questões relacionadas ao trabalho remoto foram debatidas durante a reunião: a queda da VPN e a mudança na política da Caixa sobre o regime remoto.
A VPN, que garante o acesso seguro ao sistema da empresa, apresentou instabilidades e ficou fora do ar, causando uma série de transtornos, especialmente nos prédios onde houve centralização de unidades e redução de espaços físicos. Um exemplo disso é o edifício Querência, onde os trabalhadores enfrentam dificuldades concretas de estrutura e conectividade. A previsão é de que o sistema retorne à normalidade a partir de 1º de agosto, mas o Sindicato segue cobrando soluções urgentes para garantir condições adequadas de trabalho.
Além disso, a Caixa anunciou mudanças na política de trabalho remoto. Técnicos poderão negociar até três dias de home office por semana. Para cargos gerenciais, o trabalho remoto será limitado a um dia. A nova diretriz também estabelece que, em cada unidade, toda a equipe deverá estar presencialmente reunida ao menos um dia por semana.
A secretária-geral do Sindicato, Sabrina Muniz, criticou a forma como essas mudanças estão sendo impostas, sem planejamento ou diálogo com os trabalhadores. “Tem colegas que mudaram suas vidas por conta do remoto, foram morar em outras cidades. Agora, vão precisar retomar sem planejamento. É preciso respeitar as pessoas”, alertou.
Encaminhamentos e continuidade do diálogo
Prodes defendeu a criação de um canal contínuo de interlocução entre a Gipes e Repes e as entidades sindicais. “Queremos colaborar para resolver problemas que, muitas vezes, parecem insolúveis, mas estamos vendo a solução, pois são fruto de falhas administrativas ou interpretações equivocadas”, afirmou.
O Sindicato enviará nova correspondência à Gipes e Repes para retomar os pontos pendentes e buscar os encaminhamentos necessários junto à Caixa.