A Caixa Econômica Federal vai realizar no primeiro semestre deste ano uma nova emissão de certificados de recebíveis imobiliários (CRI) voltados para o varejo, desta vez no valor de R$ 300 milhões. No ano passado, a instituição foi responsável pela primeira emissão já realizada no Brasil de CRI para este público, quando fez uma colocação de R$ 232,7 milhões, com investimento mínimo de R$ 10 mil. Na ocasião, apenas cerca de R$ 120 milhões ficaram com o público formado por pessoas físicas, que somou cerca de 1,6 mil pessoas.
Mesmo depois desta experiência, o vice-presidente de Finanças do banco, Márcio Percival, considera que a colocação foi bem sucedida, tendo sido muito importante como aprendizado para a Caixa e para a percepção de que existe um mercado de varejo para os CRI.
"A gente sentiu que realmente tem mercado de varejo, ainda que o produto não seja totalmente compreendido por todo mundo", disse. O vice-presidente da insituição bancária contou que boa parte das dúvidas surge da forma de remuneração, que é mensal, composta em parte pelo juros recebidos, e por uma parte do principal, sem que haja nenhum pagamento ao final do período.
A expectativa de Percival é de que a colocação de R$ 300 milhões no mercado tenha parâmetros parecidos com a emissão do ano passado, mas "provavelmente" a uma taxa mais baixa. Na ocasião, o custo da emissão foi de TR mais 10% de juros. "Esse cenário de queda da taxa de juros é importante para desenvolver o mercado de securitização, quando o produto se torna muito rentável. E como esse é um cenário que está se mostrando consistente no Brasil, provavelmente o mercado de securities vai se desenvolver", acredita.
Percival sabe, entretanto, que em mercados de títulos privados, a liquidez do mercado secundário ainda é bastante reduzida no Brasil. Por isso, a Caixa garantiu na emissão passada, e deverá garantir na próxima, a compra de parte dos títulos para quem quiser negociar antes do vencimento.
Caso a receptividade da nova emissão seja boa, a Caixa poderá fazer mais uma emissão de R$ 300 milhões. "A gente acha que a curto prazo consegue vender os R$ 300 milhões. Vamos continuar analisando o mercado. Se de repente vendermos rápido, podemos fazer mais R$ 300 milhões. Não temos nenhum limite, temos capacidade de colocação de CRI no mercado muito ampla, porque a quantidade de carteiras originadas no crédito imobiliário é altíssima. Então vamos continuar trabalhando", informou o vice-presidente da Caixa. (JE)
Valor Econômico