Movimento sindical aponta problemas que ainda necessitam de atenção e soluções
A Comissão de Organização dos Empregados (COE) do Banrisul e representantes do banco se reuniram nessa terça-feira (18/11), na sede do SindBancários Porto Alegre e Região, para tratar de problemas e conflitos surgidos a partir do processo de reestruturação em curso na instituição. Durante o encontro, dirigentes do movimento sindical aprofundaram o debate sobre os questionamentos e denúncias apresentados na mesa anterior, enquanto os representantes da empresa responderam a pontos específicos e reafirmaram compromissos institucionais.
Entre as demandas levadas pela COE, está a necessidade de retificar o termo de adesão destinado aos banrisulenses que optaram pelo tombamento sem nunca terem exercido cargos comissionados de 8h, como é o caso dos Operadores de Negócios (ONs). Foi solicitado que o banco publique uma nota técnica interna esclarecendo que parte do conteúdo do termo não se aplica a esse grupo de trabalhadores, a fim de evitar interpretações equivocadas. A representação do Banrisul acenou positivamente à reivindicação.
Também foi destacado pelos sindicalistas que o primeiro período de auferimento de metas considerado para descenso seja o de 2026, tendo em vista que os resultados de 2025 podem ser impactados pela implantação da reestruturação. Outra reivindicação reforçada na mesa foi a extensão da terceira janela de tombamento, hoje prevista para encerrar em abril de 2026, para agosto do mesmo ano, conforme chegou a ser sinalizado durante as negociações do acordo.
Combate ao assédio
Outro ponto central da reunião foram as denúncias de assédio e pressão para migração, além de casos envolvendo trabalhadores que se posicionaram contra a minuta da reestruturação. Os representantes do banco afirmaram que todas as denúncias recebidas serão apuradas com isonomia e garantiram que não existe orientação da direção para pressionar empregados pela adesão ao novo modelo. O Movimento Sindical reforçou a necessidade de que tais compromissos sejam reafirmados internamente para prevenir práticas inadequadas.
Na avaliação dos representantes do Banrisul, o processo de reestruturação atingiu um “momento de pacificação”, saudável para o banco. No entanto, a coordenação da COE ponderou que o cenário ainda é sensível e exige cuidado redobrado na condução das mudanças e nas orientações internas. A diretora de Saúde da Fetrafi-RS e coordenadora da COE, Raquel Gil de Oliveira , ressaltou que “o Banrisul precisa assegurar que não haja qualquer tipo de perseguição, reafirmando internamente esse mesmo posicionamento, para que cessem possíveis práticas de assédio por parte de chefias”, lembrando que o combate ao assédio é essencial para impedir que práticas abusivas se consolidem no cotidiano dos trabalhadores.
Os sindicatos seguirão atentos a quaisquer práticas que fujam ao razoável e reforçam que os colegas devem denunciar qualquer abuso por parte de superiores. Para isso, a Fetrafi-RS disponibiliza um Canal de Denúncias.
Estrutura em debate
Completando a relação de pautas apresentadas pela COE, houve um longo debate sobre a nova estrutura comercial das agências e sobre os cargos não contemplados pela reestruturação. O banco defendeu como adequada a organização dos trabalhadores agora intitulados Gerentes de Relacionamento. Na Pessoa Física (PF), ficaram definidos os segmentos Plataforma (carteira geral de agência), Perfil (antigos ONs), Afluente (antigos GCs) e Agronegócio. Já na Pessoa Jurídica (PJ), o banco optou pelos segmentos Plataforma (carteira geral da agência) e Médio Varejo (antigos GNs). Os representantes sindicais apontaram que os colegas oriundos das funções de Gerente de Mercado (GMs) e Gerente Afinidade (GCs), também tombados para Gerente de Relacionamento, têm demonstrado forte descontentamento, sentindo-se desvalorizados pela reorganização.
Em relação aos cargos de Assessor Jurídico, Auditor, Gerente de Agro e Gerente de Cobrança, categorias que também vêm apresentando descontentamento, voltou a ser reivindicado que o banco reavalie a possibilidade de incluí-los no tombamento para jornada de 6h ou, alternativamente, formule mecanismos de valorização específicos. Outro cargo questionado foi o de Gerente Adjunto (GA). Segundo o presidente do Sindicato do Vale do Caí, Gerson Kunrath, “seguimos com o problema de adjuntos extremamente desvalorizados e se sentindo injustiçados, fazendo jus a comissionamentos que podem ficar abaixo da gratificação de alguns de seus subordinados, trabalhando 8h e com muito mais responsabilidade”. Os representantes do banco afirmaram que, no projeto de longo prazo para as agências, não está previsto o cargo de GA para casas nível E e F, o que significa que a carreira de GA passará a iniciar no nível F.
Banrisul apresenta pauta
Por último, os representantes do banco trouxeram uma demanda à mesa: questionaram a possibilidade de ampliar o intervalo dos trabalhadores de jornada de 6h (que assim optarem) para até 1h (hoje o máximo é 30 minutos). A COE apontou que essa proposta contraria recomendações de saúde, pois amplia o tempo de disponibilidade ao empregador sem compensação. Também alertou para riscos de coação, já que são comuns relatos de administrações impondo o uso do intervalo máximo previsto no acordo, mesmo quando a escolha deveria ser do trabalhador. Contudo, lembrando o exemplo da Caixa Econômica Federal, a COE observou que é possível absorver parte do intervalo na jornada, reduzindo o tempo total trabalhado em contrapartida.
Segundo o presidente do SindBancários Porto Alegre e Região e coordenador da COE, Luciano Fetzner, “esse é um debate que tem dois lados: ao mesmo tempo em que há colegas que demandam mais tempo de intervalo, preocupa-nos a possibilidade de o trabalhador ficar mais tempo à disposição sem qualquer compensação. É necessário aprofundar esse debate e consultar com muito cuidado a opinião dos colegas”. A COE anotou a demanda e os argumentos do banco e avaliará coletivamente antes de apresentar um retorno.
Ao final, os negociadores do Banrisul se comprometeram a levar as propostas para discussão com a diretoria e retornar em nova mesa, dando continuidade ao processo de debates sobre a reestruturação. A COE reiterou que diálogo, transparência e respeito às trabalhadoras e trabalhadores são fundamentais para que o Banrisul avance na reestruturação sem comprometer direitos, relações de trabalho e a saúde dos funcionários.