Primeiro semestre do ano teve 1.342 assassinatos no Estado
"Demagogia”, assim o deputado estadual Jeferson Fernandes (PT) classificou as manifestações de deputados da base do governo Sartori (PMDB), que subiram à tribuna, na sessão plenária de quarta-feira (17), para se dizerem solidários à dor de famílias que tiveram entes assassinados em episódios recentes de violência no RS, como os amigos e parentes da médica, Graziela Muller Lerias, morta durante tentativa de assalto no início desta semana, em Porto Alegre.
O parlamentar criticou o fato de governistas fazerem tal declaração ao mesmo tempo em que sustentam "o governo que corta recursos da segurança, atrasa os salários dos servidores da área e precariza a prestação desses serviços à população, contribuindo para o crescimento da criminalidade no Estado”, indignou-se.
O parlamentar ressaltou que o tema da segurança não pode e não deve ser tratado apenas quando ocorrem tragédias, como a que vitimou a Drª Graziela. Ele destacou a necessidade de o Estado atuar na prevenção, a partir de políticas públicas, e também no melhoramento do sistema prisional.
Ele lembrou que o RS tem hoje uma população carcerária de 34 mil pessoas, distribuídas em apenas 24 mil vagas. "Essa superlotação favorece apenas as facções. A criminalidade está diretamente ligada à organização do crime no RS. Por conta disso, o RS está se tornando o lugar mais violento do mundo”, lamentou.
Segundo Jeferson, só no primeiro semestre deste ano, 1.342 pessoas foram assassinadas no Estado, "enquanto o governador, na contramão, diz que esses crimes estão diminuindo. Além disso, todos os dias, muitos são mortos nas periferias e ninguém fala nada, por se tratarem de negros e negras, pobres, gente sofrida”, acrescentou, referindo-se à declaração de Sartori que contrapôs dados da própria Secretaria de Segurança, segundo os quais o índice de latrocínios teria aumentado 34,8% no primeiro semestre de 2016.
Para o deputado, se quiser agir pela redução da criminalidade, Sartori deve concluir o Complexo Prisional de Canoas, criando mais de 2 mil vagas no sistema prisional. Também deve oferecer condições mínimas para que a Polícia Civil possa fazer as devidas investigações, além de não responsabilizar os servidores da segurança pelo caos no setor.
O petista destacou que estas e outras sugestões de melhoramento do sistema carcerário com vistas à redução da criminalidade estão contidas no relatório da Subcomissão do Sistema Prisional no RS, da qual foi o relator. "Fizemos um estudo de campo, conversamos com juízes, servidores da segurança, apenados, familiares, visitamos os presídios. Mas nada do que propusemos neste documento com base nessas pesquisas foi implementado pelo governador”.
O parlamentar ainda criticou o fato de Sartori estar em viagem à Argentina, acompanhado de uma comitiva de 43 pessoas. "Enquanto o RS vive um dos seus piores momentos, o governador está gastando dinheiro que poderia ser usado em segurança pública. O povo inteiro do RS está clamando por menos violência e mais segurança”, concluiu.
*AL/RS