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CUT CRITICA SISTEMA FINANCEIRO E AFIRMA QUE SÓ CORTAR JUROS É INSUFICIENTE

Só a queda da Selic não basta, disse o presidente nacional da CUT, Artur Henrique, ao comentar o resultado da reunião do Copom, que cortou a taxa básica de juros em 0,75 ponto percentual, para 9,75% ao ano. A crítica do dirigente se estende ao sistema financeiro, que "por não ter compromisso com um projeto de desenvolvimento nacional tem permanente prejudicado nosso crescimento e a vida da população".

Para Artur, os juros cobrados no mercado são "extorsivos" e não caem na mesma medida que a Selic, dificultando a obtenção de empréstimos pelas empresas. "Reflexo disso é o fato de o conjunto dos seis maiores bancos brasileiros reservar apenas 20% de suas carteiras de crédito para pessoas jurídicas. O dado também demonstra o desinteresse por esse segmento."

Assim, acrescenta, a tarefa de fomentar investimentos produtivos "sobra quase exclusivamente para o BNDES, com juros subsidiados pelo Estado". Mas, endividadas, muitas empresas, principalmente micro, pequenas e médias, são obrigadas a recorrer ao sistema financeiro, "e nisso consiste um dos principais entraves ao crescimento e mesmo à sobrevivência desses empreendimentos". Além disso, "as pessoas físicas também ficam à mercê de juros criminosos e injustificados do cheque especial, do cartão de crédito, dos financiamentos".

O presidente da CUT diz ainda que a taxa básica tem caído com atraso e em doses tímidas. "Neste ponto, faço uma pausa para chamar atenção para a hipocrisia de analistas e veículos de comunicação, que hoje parecem se divertir com o fraco desempenho de 2011 como se isso fosse apenas problema do atual governo, e fingem esquecer que sempre enalteceram a manutenção da taxa Selic nas alturas e nela viam evidências de "responsabilidade" na condução da política econômica", critica o sindicalista.

Ele afirmou que a central e a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) já propuseram ao governo a realização de uma conferência nacional "para debater o papel dos bancos e sua função social, prevista pela Constituição". O dirigente cobra ainda uma reforma tributária "invertendo a equação atual, em que quem ganha mais paga menos e quem ganha menos, paga mais".

"Bolsa-banqueiro"

A Contraf-CUT avaliou a decisão do Copom como positiva, mas afirmou que falta ousadia para promover cortes mais profundos, acelerando a retomada da atividade econômica, "desaquecida pelo erro do governo federal de aumentar os juros em meio à crise internacional", disse o presidente da entidade, Carlos Cordeiro.

"Em 2011, o pagamento de juros da dívida pública consumiu R$ 216,1 bilhões somente até novembro. É o "bolsa-banqueiro", o maior programa de transferência de renda do governo, beneficiando os mais ricos", afirmou Cordeiro. "É fundamental acelerar a queda na Selic e também pressionar os bancos por juros menores, incentivando as áreas produtivas e a criação de emprego."

 Rede Brasil Atual

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