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FUNDOS DE INVESTIMENTO TÊM PIOR ANO DESDE 2002

O ano de 2008 foi o pior para o setor de fundos de investimento desde a crise da "marcação a mercado", em 2002. E isso não só pelo volume significativo de saída de recursos, mas pela rentabilidade média do segmento. Dados do site Fortuna mostram que no ano passado os saques superaram as aplicações em R$ 46,2 bilhões, tendência que não se verificava desde 2002, quando os resgates somaram R$ 68,6 bilhões. O volume de saídas registrado no ano passado não chegou nem a 4% do patrimônio do setor, que encerrou 2008 em R$ 1,199 trilhão. Em 2002, no entanto, os resgates representaram 19,44% do total.

Em termos de rentabilidade, o desempenho do setor em 2008 ficou muito abaixo dos anos anteriores, inclusive de 2002. Isso levou à primeira redução de patrimônio dos fundos nos últimos sete anos – no fim de 2007, a indústria reunia R$ 1,201 trilhão de ativos sob gestão. Na média, segundo levantamento do Fortuna, o retorno dos fundos foi de 3,57% no ano passado, ante 16,37% de 2007. Em 2002, a rentabilidade do setor beirou 22%.

Foi a reversão do cenário benigno, que perdurou por cerca de cinco anos, a grande pedra no sapato do setor de fundos, especialmente dos multimercados, com resgates superiores a R$ 43 bilhões no ano passado, avalia o diretor da Fator Administração de Recursos (FAR), Fernando Tendolini. A queda de mais de 41% da bolsa e a alta de quase 32% do dólar assustaram o investidor de multimercado, que vinha subestimando o risco associado a essas carteiras. Principalmente depois de anos de bonança, com retornos de 150% a 200% do CDI (o juro interbancário que serve de referência para as aplicações mais conservadoras).

"O ano de 2008 foi emblemático, porque serviu para mostrar que os ativos podem sofrer com volatilidade e que os gestores têm de ser ágeis para perceber as mudanças de mercado", destaca Tendolini. Tanto é que os multimercados que conseguiram superar o CDI no ano foram aqueles que apostaram na queda dos mercados, assumindo, por exemplo, posições vendidas em bolsa. Foi o caso da Fator.

O administrador de investimentos Fabio Colombo lembra que o investidor que foi atraído pelos fundos multimercados não estava acostumado a assumir riscos e, no primeiro sinal de turbulência, sacou. "Depois dessa experiência negativa, esse investidor, que na verdade é conservador, vai demorar a voltar para um fundo multimercado", acredita.

Também não dá para deixar de mencionar a forte concorrência dos Certificados de Depósito Bancário (CDB) registrada no ano passado. "Os investidores que foram machucados nos fundos hedge viram no CDB uma opção com taxas bastante apetitosas, acima do CDI e com risco de banco de primeira linha", lembra Tendolini, da FAR.

Os investidores que tinham recursos em fundos de renda fixa, que encerraram 2008 com saques de R$ 45,5 bilhões, também foram atraídos pelas taxas mais altas dos CDBs e por alternativas de compra direta de títulos públicos no Tesouro Direto. "Mesmo com uma rentabilidade acima dos fundos DI e mais próxima do CDI, os investidores de renda fixa não suportam a volatilidade", afirma Colombo. Na opinião dele, não há sinais de reversão desse cenário no curto prazo. Os bancos continuam necessitando de recursos, o que deve manter as taxas dos CDBs em níveis elevados, avalia o administrador.

Para Tendolini, o começo de 2009 ainda exige cautela e disciplina do investidor, nada de apostas alavancadas, nem de projeções muito otimistas. "Estamos em plena recessão, ainda veremos uma deterioração da economia real aqui e lá fora", afirma. Na avaliação do diretor da FAR, a economia só deve responder às medidas que vêm sendo adotadas pelos países ao redor do mundo a partir do segundo semestre. A bolsa, porém, pode antecipar a recuperação para o segundo trimestre. "Com estabilidade da bolsa, menos volatilidade nos mercados, a taxa Selic em queda e alguns meses de performance positiva, o dinheiro deve voltar para o setor de fundos", acredita Tendolini. E isso, na opinião dele, deve acontecer a partir do segundo semestre.

Os fundos de ações, apesar da queda média de mais de 40%, fecharam o ano com captação de R$ 2,7 bilhões. A explicação, segundo analistas, é a de que esses investidores são mais antigos e entendem melhor o risco.

Pelos dados da Associação Nacional dos Bancos de Investimento (Anbid) divulgados ontem, o setor de fundos encerrou 2008 com resgates de R$ 77,8 bilhões, com destaque para as carteiras de renda fixa e multimercados, com saques de R$ 60,0 bilhões e R$ 54,5 bilhões, respectivamente. A diferença de dados deve-se à base maior de fundos do site Fortuna, que usa como referência as carteiras registradas na CVM.

 Fonte: Valor Online

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