O presidente coreano, Lee Myung-bak, e sua esposa, Kim Yoon-ok, posicionam o presidente Barack Obama para foto oficial da reunião do G-20
O documento que os líderes das 20 maiores economias do mundo assinarão hoje, em Seul, para tentar reduzir os desequilíbrios econômicos globais e atenuar os conflitos cambiais, não deverá trazer medidas concretas. Para evitar desgaste entre EUA e China, o mais provável é o estabelecimento de um "cronograma de discussões" sobre políticas cambial, monetária, fiscal e comercial que empurrará as dificuldades para o ano que vem, quando a França assumirá a presidência do G-20.
Até a madrugada de hoje, Washington e Pequim divergiam sobre como tratar de intervenções cambiais e desequilíbrios externos em geral. Os EUA eram apoiados pelo México, e a China dividia com os americanos a simpatia dos asiáticos, que não queriam se comprometer muito. O Brasil criticou os dois.
EUA e China discordavam primeiro sobre a linguagem do texto, que, segundo os chineses, os apontava como manipuladores do yuan. Depois, sobre os "parâmetros indicativos" para o processo de avaliação mútua das políticas econômicas do G-20. Os EUA insistem em listar alguns indicadores, como o superávit ou déficit das contas externas. China e Alemanha, os países mais superavitários, só querem enunciar o princípio.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um discurso incisivo no jantar de trabalho dos líderes do G-20, ontem, ao lado da presidente eleita, Dilma Rousseff. Ele criticou os Estados Unidos pelo clima de guerra cambial, que pode levar à guerra comercial, e não poupou a China, criticada por manter sua moeda desvalorizada.
Na prática, o comunicado genérico que os líderes do G-20 vão anunciar hoje confere ao Fundo Monetário Internacional (FMI) um papel central nas definições sobre a avaliação das políticas cambial, monetária e fiscal desses países. O FMI se tornará uma espécie de "Ministério da Fazenda" informal do G-20.
Espera-se que os países do G-20 façam no início de 2011 a primeira avaliação com base nos "parâmetros indicativos". Esse exercício será revisto pelos ministros de Finanças e presidentes de bancos centrais no primeiro encontro do G-20 no ano que vem. A questão é justamente como definir rapidamente quais indicadores vão identificar progressos em direção à "sustentabilidade externa" e à consistência das respectivas políticas dos países.
Fonte: Valor Online