Para evitar um nova onda de falta de crédito nos bancos pequenos, o governo decidiu travar o prazo para resgate dos papéis emitidos por essas instituições com a garantia de até R$ 20 milhões do FGC (Fundo Garantidor de Crédito).
O CMN (Conselho Monetário Nacional) aprovou resolução determinando que, a partir de agora, as aplicações em CDBs nessa modalidade deverão ser mantidas até o final do contrato.
Com a crise econômica e a escassez de crédito, os bancos de médio e pequeno porte passaram a enfrentar dificuldades para captar recursos no mercado. Em março, o Banco Central autorizou, então, que o FGC passasse a garantir um tipo de CDB emitido por essas instituições até o limite de R$ 20 milhões por cliente. Com a nova regra, os bancos pequenos já conseguiram captar R$ 6 bilhões.
O FGC é um fundo formado com dinheiro dos próprios bancos que serve para dar garantia aos depositantes. Em caso de quebra de instituições financeiras, o fundo devolve aplicações de até R$ 60 mil a cada correntista. O problema é que 30% dos contratos de CDBs já fechados têm cláusulas que garantem o resgate antecipado dos recursos. Havendo um movimento expressivo de baixa nas aplicações, os bancos de menor porte poderiam passar novamente por apuros, pois haveria um descasamento entre aplicações e empréstimos.
"Daqui a dois meses, poderia continuar a insegurança em relação a esses bancos. Novas operações terão de ser levadas até o vencimento. Isso dá certeza aos bancos que estão captando nessa modalidade", disse o diretor de Liquidações e Controle de Operações de Crédito Rural do Banco Central, Gustavo do Vale.
Para o analista da Austin Rating Luis Santacreu, a medida é "extremamente" necessária. "Passado o primeiro momento, que era resolver o problema, agora é preciso haver um enquadramento de prazo. O descasamento é uma pressão sobre o próprio FGC, que teria de garantir as operações", declarou. O especialista explica que o travamento do prazo afastará alguns investidores desse tipo de aplicação, mas poderá garantir retornos mais elevados para os aplicadores.
Fonte: Folha de S.Paulo