Em matéria publicada na quarta-feira, 25 de setembro, veículos do Grupo RBS divulgaram a abertura de vagas do banco Santander. Entretanto, os 600 empregos são, na verdade, para a SX Negócios, empresa terceirizada no banco, em Novo Hamburgo. Ao chamar a SX Negócios de banco, a imprensa corrobora a crítica feita pela representação dos trabalhadores bancários de que o Santander vem praticando terceirizações fraudulentas.
Para Mauro Salles, secretário de Saúde da Contraf/CUT, a fraude trabalhista praticada pelo banco Santander está cada vez mais evidente. “O banco criou uma empresa de fachada, a SX Negócios, para burlar a Convenção Coletiva dos Bancários e contratar trabalhadores ganhando bem menos e em condições de trabalho muito precárias”, alerta o dirigente.
Na própria descrição das vagas divulgadas pela imprensa – Especialista em Experiência do Cliente e Negócios, para trabalhar com atendimento a clientes do banco – fica evidente a função praticada, que é de bancário. “Estes trabalhadores fazem o que o bancário faz, portanto, é uma fraude”, endossa Salles.
A SX Negócios é uma das diversas empresas que o Santander criou dentro do seu conglomerado para reduzir salários, direitos e benefícios, precarizando as relações de trabalho e suas representações, com o único objetivo de reduzir seus custos e aumentar seus lucros em cima da exploração dos trabalhadores. “É lamentável que o Santander trate os trabalhadores no Brasil como segunda categoria e desrespeite os trabalhadores e clientes brasileiros, que respondem por 20% do lucro global do banco espanhol”, afirma Luiz Cassemiro, integrante da COE do Santander.
Nos últimos anos, o banco tem intensificado o processo de terceirização com a criação de outras empresas. Esse movimento do Santander, tanto no Brasil quanto em outros países, culmina na retirada de direitos dos trabalhadores. Com a naturalização da prática, a instituição rebaixa salários e direitos, além de fragilizar as organizações sindicais dividindo a categoria.
A justiça brasileira já condenou o banco por fraudar a contratação de bancários, a partir da alteração de contrato para transferir trabalhadores, de forma compulsória, do CNPJ do Santander para um dos CNPJs das empresas criadas. “O próprio judiciário já está reconhecendo este equívoco por parte do Santander, dando sentenças favoráveis aos trabalhadores quando pedem equiparação como bancários”, comenta Cassemiro.
O movimento sindical tem denunciado as terceirizações praticadas e segue firme lutando contra as fraudes do banco Santander. É urgente que haja medidas para conter a sanha do Santander por lucro, explorando tanto os trabalhadores quanto a população e os clientes.
Mobilização nacional denuncia a desvalorização dos trabalhadores
Na Campanha Nacional dos Bancários deste ano, na qual a categoria aprovou a renovação da Convenção Coletiva de Trabalho, uma das pautas de debate foi o fim da terceirização praticada pelos bancos. Atos nacionais paralisaram agências para denunciar a precarização do trabalho enquanto os bancos registram lucros exorbitantes.
Em agosto, os Sindicatos dos Bancários de Porto Alegre e Região e de Novo Hamburgo, junto da Federação dos Trabalhadores Bancários do Rio Grande do Sul – Fetrafi-RS, realizaram um grande ato de denúncia em frente a SX Negócios, reivindicando a valorização dos trabalhadores contratados por empresas subsidiárias do Santander, que trabalham como bancários, mas não contam com os mesmos direitos dos colegas.