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INADIPLÊNCIA DEVE PREJUDICAR RESULTADOS DO 4º TRIMESTRE

Analistas e investidores começam o ano com os olhos especialmente atentos aos dados de inadimplência dos tomadores de crédito.
Bradesco e Santander deram a largada hoje na safra de publicação de resultados dos bancos brasileiros do último trimestre de 2011. Analistas e investidores começam o ano com os olhos especialmente atentos aos dados de inadimplência dos tomadores de crédito.

Projeções de cinco casas de análise – Goldman Sachs, Bank of America Merrill Lynch, Bradesco, Barclays e Deutsche – apontam que os quatro maiores bancos brasileiros listados em bolsa encerraram 2011 ainda amargando perdas com os calotes. Apesar de isso não fugir dos números já exibidos pelo Banco Central na semana passada – que mostraram uma inadimplência de 5,5% em dezembro, com crescimento de 0,2 ponto percentual em relação a setembro -, a falta de pagamento dos consumidores preocupa mais no caso de alguns bancos.

O caso mais citado de deterioração da carteira é do Itaú Unibanco. Ao longo do ano – principalmente em junho – o banco surpreendeu o mercado com os índices de inadimplência de pequenas empresas e de veículos, que ficaram bem acima das projeções.

O ano não deve terminar em melhor tom. Boas notícias em termos de calote só devem surgir daqui a dois trimestres. "O pico pode não ter sido alcançado no quatro trimestre, como anteriormente prevíamos. A gestão do banco agora espera alguma deterioração marginal e sazonal no primeiro trimestre de 2012 (algo em torno de 10 a 15 pontos base)", afirmaram os analistas do Barclays.

No caso do Banco do Brasil, uma piora também está no cenário, puxada pelos financiamentos a veículos do Banco Votorantim, que devem continuar apresentando altos índices de inadimplência. Porém, os analistas minimizam os impactos no sócio. "O impacto no Banco do Brasil, contudo, seria menor porque 1) o banco só tem 50% do Votorantim e 2) o banco tem uma base muito maior de lucros para diluir as perdas", afirma o Goldman Sachs, que estima um queda de 27,4% no resultado líquido recorrente do Banco do Brasil do quarto trimestre comparado ao mesmo período de 2010, para R$ 2,68 bilhões. Mas algum impacto haverá sobre o balanço do Banco do Brasil. Despesas com provisões, diz o Deutsche, devem pesar na última linha do balanço, reduzindo o lucro recorrente em 22%, para R$ 2,89 bilhões.

Não são apenas os calotes, porém, que estão no radar dos analistas. Números relacionados às despesas não-financeiras também serão observados com lupa. Isso vale, por exemplo, para o Bradesco, que acelerou a abertura de 700 agências de outubro a dezembro de 2011. Isso, para a equipe do Bank of America, deve derrubar a eficiência do banco.

No Santander, na opinião dos analistas, provisões para processos cíveis e trabalhistas devem retirar consumir parte do impacto positivo da venda das operações de seguro para a Zurich. Mesmo assim, o banco deve apresentar um lucro líquido maior na comparação com o quarto trimestre de 2010, de R$ R$ 955 mil (+ 15%), para o Deutsche, e de R$ 1,44 bilhão (+9,9%), segundo o Bank of America.

No quesito despesas, a expectativa de bom resultado recai sobre o Itaú. "Os custos devem ser o principal aspecto [do Itaú]", diz o Bradesco BBI, que vê crescimento de 23% no lucro líquido ajustado do quarto trimestre ante igual período de 2010, para R$ 3,73 bilhões.

Do lado do crédito, que segundo dados do Banco Central teve uma evolução positiva do estoque de 5,5% no quarto trimestre, os maiores crescimentos de carteira devem vir do Banco do Brasil, segundo Bank of America e Bradesco BBI, com projeções de 4,3% e 5,1%, respectivamente. Para o Barclays, a dianteira da indústria deve ficar com o Santander, que vem de um crescimento abaixo da média do mercado.

(Fonte: Valor Econômico)

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