Elas representam 45% da população economicamente ativa e são responsáveis por 38% dos domicílios (no ano 2000, eram 25%) do país, segundo dados do IBGE (Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
A presença feminina no cenário brasileiro se reflete na ocupação de cargos executivos. A pesquisa Datafolha mostra que o número de mulheres na chamada "média gerência" é cada vez maior.
Dos 56 profissionais de RH ouvidos, 48% dizem que o gênero do candidato é indiferente nas seleções para cargos de gerente — mais que o dobro do apontado há cinco anos (23%). Em cargos de supervisão e coordenação, o número foi de 36% para 63%.
Porém, mesmo ocupando mais posições gerenciais, as mulheres dizem que é preciso "mostrar mais serviço" que os homens para crescer na carreira executiva. "Tem que ser muito mais competente que eles", frisa Cristina Daibert, superintendente-geral (cargo compatível com CEO) da escola de idiomas Ibeu.
MACHISMO
A chegada da mulher a cargos de chefia enfrenta a "visão de que ela não é verdadeiramente profissional", opina a coordenadora do Nemge (Núcleo de Estudos da Mulher e Relações Sociais de Gênero da Universidade de São Paulo), Eva Blay.
Segundo ela, a sociedade ainda supõe que as mulheres devam se dedicar à casa e aos filhos.
A superintendente de marketing da Chubb Seguros, Maria Celeste Parra, diz perceber no mercado de trabalho "o estereótipo de que a mulher só chora e o homem é durão e resolve os problemas".
Em posições de diretoria e presidência, o sexo feminino está menos presente. Em sua maioria (84%), "headhunters" e profissionais de RH disseram que são selecionados mais homens do que mulheres para o cargo de presidente. Para 77%, o mesmo se dá em cargos de diretoria.
Rafael Souto, diretor da consultoria Produtive Executive Search, afirma que a ausência de mulheres no alto escalão segue uma tendência natural. "Só agora estão em grande número nos cargos de gerência. O movimento fará com que cheguem aos de diretoria no futuro próximo."
SEPARAÇÃO
Abrir mão da família para investir no sonho de ter uma carreira como executiva. Para Ana Claudia Rabello, 39, diretora comercial e de marketing da Academia do Concurso, a opção foi dolorosa, mas trouxe realizações.
Depois de oito anos, seu primeiro casamento não resistiu à sua evolução profissional. "Quando eu crescia na profissão, meu marido não gostava, não compreendia que o homem poderia ganhar menos que a mulher."
Folha Online