BRASÍLIA – O Banco Central (BC) mantém a crítica sobre a concentração de cartões de pagamento nas mãos de bancos, acusando o sistema de "ineficiente" e de criar "custos desnecessários" aos usuários, conforme documento divulgado hoje.
Em 2009, o uso do cheque continuou a cair, e as operações bancárias via internet superaram a utilização de caixas eletrônicos.
Em texto sobre a evolução do sistema brasileiro de pagamentos de varejo, a autoridade monetária reitera críticas relatadas em estudo feito em conjunto com os ministérios da Fazenda e da Justiça sobre a indústria de cartões.
"A concentração dos prestadores de serviços de compensação e liquidação de transações relacionadas a cartões de pagamento em mãos de bancos prejudica a desejável neutralidade desses prestadores de serviços relativamente a possíveis entrantes ao mercado de credenciamento", diz o documento do BC.
O texto atualiza dados do diagnóstico sobre o crescimento das transações eletrônicas e suas formas no Brasil. Informa, por exemplo, que os caixas eletrônicos perderam a liderança que detinham em 2008 na realização de operações bancárias.
A internet home e Office banking responderam no ano passado por 30,6% das transações com bancos, de um total de 7,87 bilhões operações. O comodismo e a tecnologia já dominam, constituindo a maioria ou 66,7% dos acessos bancários sem a presença do usuário.
Mas as agências e os postos de atendimento bancário ainda detém 23,8% das operações, sendo que 9,5% são por meio de correspondentes bancários, que crescem como opção de pagamentos de tarifas.
Segundo o BC, cartões de pagamento eletrônico responderam em 2009 por 62,3% dos pagamentos sem uso de dinheiro em espécie, continuando a ser o instrumento de maior popularização no país.
Em média, as transações com cartões de crédito e débito cresceram 10% sobre 2008, ritmo inferior ao verificado no crescimento médio anual entre 2004 e 2008, que ficou entre 19% e 23%.
Em comparativo no período entre 2001 e 2008, o BC destaca que a Suécia e a Suíça usam somente formas eletrônicas e pagamento, e que a média dos países da zona do euro já chega a 90% nesse mesmo caminho. O uso de cheques como meio de pagamento, por exemplo, foi abolido totalmente na Suécia, enquanto no Brasil houve uma queda de 69,3% na mesma comparação. Mas alguns países como França (-32,8%), Itália (-41,3%) e Estados Unidos (-46,8%) ainda resistem usando esse instrumento de pagamento.
Azelma Rodrigues Valor Online