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“Pepe Mujica vive no coração do povo uruguaio, no meu e no vosso coração!”

Ex-presidente do Uruguai, Mujica marcou a América Latina com uma vida de coerência, humildade e luta por justiça social.­

“Pepe Mujica vive no coração do povo uruguaio, no meu e no vosso coração!” Assim definiu Olívio Dutra, ex-governador do Rio Grande do Sul e ex-presidente do SindBancários, ao falar sobre a morte de seu amigo pessoal, Pepe Mujica.
Aos 89 anos, um câncer ousou tocar a vida de um homem, pensando em derrotá-lo. Mas há vidas que não se encurtam, há homens que viram ideias, e ideias permanecem vivas. José “Pepe” Mujica não é apenas carne, ossos ou memória: é a luta por justiça social em movimento.
Nascido em um outono de 1935, na mesma Montevidéu onde, quase dois séculos antes, nascia José Gervasio Artigas, reconhecido como o pai da independência uruguaia, Pepe veio ao mundo como tantos latino-americanos: com pouco nos bolsos, mas com o peito estufado de dignidade. Abdicou da riqueza, não acumulou tronos e preferiu construir pontes a erguer muros. Suas rugas eram linhas de uma história; em seu olhar vago, o silêncio era uma revolução amadurecida.
Foi jovem subversivo, prisioneiro e sonhador. Por imaginar um mundo mais justo, passou treze longos anos encarcerado, muitos deles em solidão. Mas não foi o cárcere que o moldou, foi o que ele cultivou durante a trajetória. Enquanto a cela o cercava, ele arquitetava um país que coubesse em todos os corações.
E ao sair, não vestiu o manto da vingança. Escolheu o perdão, a ternura, a política como gesto de amor. Tornou-se deputado, ministro, presidente, mas nunca deixou de ser o homem de botas surradas, de mãos calejadas e olhar inteiro. Preferia o vento da sua humilde chácara à frieza dos palácios. Fez do velho Fusca azul seu trono, dos guaipecas seus companheiros. A simplicidade virou um ato revolucionário.
Governou com o coração, com os pés no barro e os olhos no horizonte. Defendeu o que parecia impossível: o direito de amar, de escolher, de viver com liberdade. Mas seu maior feito não foi a caneta presidencial, foi a coerência entre o que dizia e o que vivia.
Pepe, o semeador de ideias, olhou para o mundo e disse:
“Não compramos com dinheiro, compramos com o tempo da vida. E a vida, essa, não se compra. Se gasta. E é miserável gastá-la perdendo liberdade.”
Foi presença amiga em terras brasileiras, especialmente no Sul, onde encontrou ecos de sua alma na luta dos trabalhadores, na dignidade dos que pouco têm. Visitou cooperativas, universidades, palácios e praças, mas sempre falou como quem conversa sob uma árvore. Defendeu a paz, a solidariedade, a vida. Recusou o desperdício. Abraçou a simplicidade.
Recebeu homenagens, merecidas. Virou estátua em Bagé, não por vaidade, mas para lembrar que a grandeza pode caminhar com passos humildes. Foi aclamado Doutor Honoris Causa mais de uma vez, mas o verdadeiro diploma que ostenta é o amor do povo.
Foi o presidente mais velho e o mais votado do Uruguai. Mas foi, acima de tudo, um ser humano inteiro. Com fragilidade e força. Com erros, sim, mas com a coragem rara de não trair a si mesmo. Ensinou que a política pode, e deve, ser um ato de amor coletivo.
Mujica é daqueles que, mesmo quando partem, não morrem. É uma ideia que paira no coração de uma América Latina que ousa não se curvar.

Hasta siempre, companheiro Mujica.

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