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PRISÕES DE LÍDERES DE BANDO ENCERRAM EXPLOSÕES EM BANCOS NO INTERIOR DO RS

Quadrilha levou cerca de R$ 5 milhões em sete meses

O Rio Grande do Sul experimenta uma trégua. Há exatos dois meses, o medo de despertar sob o tremor de explosões, estilhaços de vidros e rajadas de tiros vem se dissipando em municípios gaúchos.

Segundo a Polícia Civil, isso acontece porque entre os 30 mil detentos gaúchos estão trancafiados o líder do bando o ex-PM Wanderley Grehs, 50 anos, e o especialista em detonações Ronaldo Mack, 34 anos. Os dois homens levaram pânico a cidades do Interior ao dinamitar agências, pontos de serviços bancários e carros-fortes para roubar cerca de R$ 5 milhões em nove ataques nos últimos sete meses.

– A quadrilha do explosivo acabou – afirma o delegado de Roubos, Juliano Ferreira.

De acordo com o delegado, o mais recente ataque, em Barra do Ribeiro, em 7 de maio, representou o capítulo final do bando de Grehs e Mack. Naquele dia, a quadrilha levou R$ 10 mil – uma ninharia em comparação ao que já teria roubado, mas deixou rastros que levaram à captura da dupla.

Mack estava sob investigação – a polícia sabia que ele morava no bairro São José, em Canoas. Logo após o assalto, montou vigilância no local, onde foi preso em flagrante horas depois do roubo, quando chegava na companhia de Grehs e de um outro homem.

Grehs conseguiu escapar, mas tinha esquecido no banco um papel contendo escrito, com sua caligrafia, o nome falso pelo qual se identificava. Por causa disso, acabou preso em Dois Irmãos 10 dias depois.

Embora a polícia considere desarticulado o bando, o trabalho de abastecer a Justiça com provas que possam manter os expoentes do grupo atrás das grades ainda está em andamento. Dos nove inquéritos, dois foram concluídos – o ataque a um carro-forte em Caxias do Sul, na Serra, e ao Banco do Brasil (BB), em Barra do Ribeiro, na região Centro-Sul.

– A investigação desse tipo de crime é igual a um quebra-cabeças. Tem de juntar peça por peça e muitas delas dependem de perícias realizadas por outros órgãos que ainda não recebemos – explica o delegado.

Segundo ele, para apontar autoria aos suspeitos, é preciso reunir um rol de indícios, como imagens de câmeras instaladas nos bancos, resquícios das bombas e munição apreendidos nos locais dos crimes, além de depoimentos de testemunhas – o que, em geral, pouco ajuda, porque os criminosos raramente deixam o rosto à mostra.

O delegado já sabe que o explosivo usado em pelos menos dois assaltos teria sido desviado de uma pedreira de Caxias do Sul. Embora os índices gerais de assalto a banco no Estado estejam em queda, o delegado não descarta que novas quadrilhas se rearticulem e voltem a atacar.

– Tem muito assaltante de banco em liberdade condicional. Isso é uma preocupação constante – lamenta.

Especialista desmascarado

Uma imagem captada no Banco do Brasil de Barra do Ribeiro foi decisiva para indiciar o especialista em detonações do bando. No vídeo, Ronaldo Mack, 34 anos, aparece vestido com uma jaqueta igual à que foi recolhida na casa dele.

Na moradia, a polícia apreendeu munição para fuzil – compatível com a encontrada nos locais do crime. Foi apreendida, também, uma pistola nove milímetros e munição. Exames balísticos (que avaliam se a munição saiu de uma arma) poderão comprovar se a arma foi usada nos ataques.

*Zero Hora

 

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