A produção industrial e as vendas do comércio no Rio Grande do Sul estão crescendo em um ritmo inferior ao do conjunto do país. De janeiro a maio, conforme o IBGE, a produção industrial do Estado cresceu 12,6% em comparação com igual período de 2009, ante 17,3% no total do Brasil. Já o volume de vendas do comércio gaúcho avançou 9,6%, frente os 11,5% registrados em todo o país.
Duas razões podem explicar, na opinião da economista Cecília Hoff, da Fundação de Economia e Estatística (FEE) do Rio Grande do Sul, o desempenho industrial gaúcho em patamares inferiores à média nacional nos últimos meses. Uma delas é a queda das exportações, componente importante para a economia local, e outra é a ausência de segmentos fortes da indústria extrativista, como minério de ferro e petróleo.
Para a economista, contudo, mesmo sendo inferiores aos números nacionais, as taxas de crescimento da indústria e do comércio do Rio Grande do Sul seguem altas. O problema, entende Cecília, é que, pelas médias móveis trimestrais, a indústria gaúcha parou de crescer em fevereiro deste ano. Já o Brasil segue em ritmo ascendente desde março de 2009. Segundo a economista, a metodologia evita distorções do índice por oscilações mensais atípicas e ao mesmo tempo inclui na estatística os dados mais recentes disponíveis.
Com base nessas médias móveis, a indústria do Rio Grande do Sul fechou o trimestre encerrado em fevereiro com oscilação negativa ajustada de 0,8% frente aos três meses até janeiro. Depois ficou estável em março, caiu mais 0,8% em abril e só oscilou positivamente 0,3% em maio.
As exportações industriais, que acumularam queda de 4,7% em volume de janeiro a junho, tiveram forte influência no desempenho do setor neste ano, explica Cecília. De acordo com ela, segmentos como calçados, máquinas agrícolas, fumo beneficiado e produtos químicos foram os que apresentaram as maiores retrações no período. E a perspectiva, na opinião da economista, é que a demanda externa continuará fraca nos próximos meses em regiões importantes para o Estado, como a União Europeia.
No total, as exportações gaúchas recuaram, em volume, 6,4% na comparação com o mesmo período do ano passado, puxadas pela queda de 12,3% no volume de produtos agropecuários, em especial milho e soja. Conforme o analista Antônio Sartori, da corretora Brasoja, apesar da safra maior deste ano, os produtores estão segurando as vendas à espera da valorização do dólar e de algum aumento nos preços dos grãos.
No caso do comércio, o desempenho do Rio Grande do Sul ficou mais próximo do Brasil, porque, embora também sinta o efeito da desaceleração da indústria local, o setor no Estado está submetido às mesmas condições de aperto monetário válidas para todo o país, diz Cecília. O fim das isenções de impostos concedidas pelo governo federal para reduzir os impactos da crise também influenciou o setor, lembra a economista.
Fonte: Valor Econômico