As empresas dos EUA fizeram em novembro o maior enxugamento em seus quadros de funcionários dos últimos 34 anos. Ao todo, foram cortados 533 mil empregos, o que reforça a percepção de que o país caminha para a mais profunda e longa recessão do pós-guerra. Desde o início do ano, 1,91 milhão de pessoas foram demitidas, informou na sexta-feira o Departamento do Trabalho.
O declínio de novembro superou as estimativas. A taxa de desemprego americano subiu para 6,7%, o nível mais alto desde 1993.
"É inacreditável", disse Nariman Behravesh, economista- chefe da IHS Global Insight de Lexington, em Massachusetts. "Já estamos bem adiantados no caminho da pior recessão do pós-guerra."
Ian Shepherdson, economista-chefe nos EUA da High Frequency Economics definiu a redução de postos de trabalho como "indescritivelmente terrível" e lembrou que somente nos últimos seis meses o país perdeu 1,55 milhão de empregos, "tanto quanto foi perdido em toda a recessão de 2001".
É provável que o nível de emprego nos EUA continue a diminuir em 2009, uma vez que o colapso no crédito e a restrição dos gastos afetam as empresas.
O presidente eleito, Barack Obama, declarou que não há remédios de efeitos imediatos no horizonte.
O dado de novembro ficou bem acima do que estava sendo projetado em Wall Street, onde se apostava numa redução de 340 mil empregos. Desde dezembro de 1974 – quando 602 mil postos de trabalho foram limados – o país não via uma redução tão acentuada no emprego. Novembro foi o 11º mês consecutivo com queda no número de empregos nos EUA.
"Estamos vendo o impacto da falta de crédito se infiltrando em muitas empresas, que estão morrendo de medo", disse John Silvia, economista da Wachovia, de Charlotte, na Carolina do Norte. "A confiança do consumidor vai ser baixa. Os números relativos à renda pessoal serão horríveis. Vai ser um inverno (no Hemisfério Norte, de dezembro a março) difícil para muitas pessoas."
Na sexta-feira, o Canadá também anunciou resultados negativos sobre emprego. Em novembro 70,6 mil postos de trabalho foram fechados. É o maior corte desde junho de 1982.
Nos EUA, as folhas de pagamento da indústria de transformação registraram queda de 85 mil postos de trabalho em novembro e de 104 mil em outubro. A volta, no mês passado, de 27 mil mecânicos da Boeing, que estavam em greve, contribuiu para reduzir a queda nos postos de trabalho.
A previsão da maioria dos economistas para os empregos perdidos em fábricas em novembro era de 100 mil. O recuo inclui 13,1 mil postos de trabalho eliminados nos setores automobilístico e de autopeças.
O relatório divulgado na sexta reflete ainda a crise da habitação e do crédito. O número de empregos na construção civil caiu 82 mil em novembro e 64 mil em outubro. As empresas financeiras eliminaram 32 mil postos de trabalho no mês passado e 31 mil no mês anterior.
"A perda de empregos só vai acabar em 2010" previu Kurt Karl, economista-chefe da Swiss Re em Nova York.
Fonte: Valor Online