A reunião da mesa de negociação permanente entre a Comissão Executiva dos Empregados da Caixa (CEE/Caixa) e os negociadores da direção da empresa terminou sem os avanços
Após a apresentação de lâminas que praticamente repetem o conteúdo já divulgados através de circulares internas pela Caixa e algumas horas de conversa, o posicionamento da empresa (externado pela superintendente da SURSE, Ana Telma Sobreira do Monte) é o de não dar detalhes sobre a reestruturação aos empregados. A Caixa não está disposta a discutir o projeto com os trabalhadores e não abre mão do princípio utilizado pelas administrações anteriores em processos desse tipo: de fazer a tomada de decisão a partir da cúpula, não esclarecer boatos e implementar as mudanças de maneira centralizadora e autoritária.
A empresa diz estar disposta a apenas a adotar medidas que suavizem o impacto causado pela reestruturação na vida dos empregados da Caixa.
O diretor do SindBancários Francisco Magalhães, que representou o RS na mesa de negociação, perguntou se a reestruturação estava embasada em algum projeto administrativo, pois a implementação da nova estrutura está ocorrendo, mas o conteúdo ainda permanece nebuloso.
Os negociadores da Caixa disseram que existe um projeto, mas que ele ainda não pode ser divulgado porque está sendo montado aos poucos, a cada reunião do conselho diretor. A empresa diz que a reestruturação não precisa ser debatida com seus empregados, pois está amparada em lei para ter arbitrariedade total sobre o tema.
Posição dos trabalhadores
"A Caixa perde uma oportunidade histórica: o passado recente da empresa é marcado por uma série de medidas administrativa autoritárias, centralizadoras e temerárias, que, ao excluírem seus empregados do processo, desconsideram as realidades regionais e acabam montando estruturas operam longe da eficiência que uma empresa pública tem de ter. Tudo indica que, lamentavelmente, isso está para acontecer, novamente", protesta Chico, que também questionou o porquê da realização de mapeamento de atividades, tempos e movimentos em unidades que já estariam destinadas à extinção.
Ao ser indagada sobre a irreversibilidade das mudanças já divulgadas, a empresa manifestou que tudo pode ser passível de mudança a qualquer tempo, inclusive os votos do seu conselho diretor, que se reúne todas as terças-feiras.
Compromisso
A Federação dos Bancários do RS e o SindBancários entendem que a Caixa deve suspender imediatamente a reestruturação, além de divulgar o estudo ou projeto que embasa as mudanças que está disposta a fazer. Com este objetivo, os dirigentes gaúchos vão ampliar esforços no sentido de construir um movimento nacional. Além da construção de uma carta que seja comum a todos, o Grupo de Trabalho que já existe para discutir Plano de Carreira, recebeu indicação dos demais fóruns de empregados para que inicie um novo estudo sobre a estrutura da empresa.
"Seja pró-ativo"
Entre outras críticas, os sindicalistas protestaram quanto ao conteúdo imposições dos "manuais da reestruturação", que, fazendo apologia à velha política de compadrio (típica de estados atrasados e patrimonialistas) fomentam o pavor e a sensação de desamparo dos empregados, que não têm uma rede de relações influente.
Confira outros assuntos abordados na negociação
Saúde Caixa
Os empregados reivindicaram estruturas para cuidar especificamente do Saúde Caixa e da saúde do trabalhador, desvinculadas das Gerências de Filial de Pessoas (GIPES) e subordinadas diretamente à Gerência Nacional de Saúde (GESAD). A reivindicação é para que essas unidades específicas possuam estruturas técnicas e administrativas compatíveis com suas atribuições, eliminando-se a terceirização de atividades.
Reabertura do prazo de adesão às novas tabelas de PCS
A Caixa confirmou a reabertura das adesões ao Plano de Cargos e Salários (PCS), que começa a partir do dia 1º e vai até o dia 30 de abril, tanto para a carreira administrativa, como para a profissional. O salário referência da carreira profissional é primeiro de janeiro de 2010.
CIPAs, exaustores e climatização
A Caixa informou que vai promover as eleições das Cipas em etapas por GIPES , devido a um problema de sobrecarga no sistema. A CEE/Caixa cobrou da empresa que o processo seja padronizado. Ficou acordado que as eleições das unidades que possuem representação serão realizadas no mês de junho, em calendário a ser negociado com as representações sindicais.
Em relação aos exaustores, a Caixa encaminhou o laudo produzido por especialistas contratados pelo Sindicato do Ceará para seus engenheiros e estes avaliaram que os testes apresentados não condiziam com as mesmas premissas do ambiente de trabalho. A Caixa está concluindo novos laudos com dados coletados no ambiente de trabalho e vai apresentá-los na próxima reunião.
O responsável pela área de manutenção e climatização das unidades da Caixa fez um relato e um diagnóstico sobre as mudanças que aconteceram na área. Como prioridade, foi definido um plano emergencial de implantação de condicionadores de ar e ventiladores nas agências mais afetadas. A empresa alegou estar elaborando um projeto de longo prazo de manutenção da climatização das unidades e que mais detalhes serão apresentados na próxima reunião.
A próxima reunião de negociação está prevista para o dia 15 de abril.
Bolsas de graduação
A Caixa afirmou que liberará mais três mil bolsas de estudos para graduação de empregados da empresa. Segundo dados do banco, há cerca de outros três mil funcionários utilizando bolsas como estas e mais cinco mil já utilizaram desde 2003.
* Feeb/RS com base no relatório do diretor Francisco Magalhães