Apesar de estar em curso uma expansão moderada da demanda doméstica, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) avalia que as perspectivas para a atividade econômica são positivas. Sinais disso seriam a oferta de crédito e a confiança dos consumidores, aponta o Copom em ata de sua última reunião (de 29 e 30 de novembro), divulgada nesta quinta-feira (8). Na ocasião, os diretores do Banco Central decidiram cortar os juros, pela terceira vez seguida em 0,5 ponto percentual, fixando-a em 11% ao ano, patamar mais baixo desde janeiro deste ano.
O comitê entende que a atividade doméstica "continuará a ser favorecida pelas transferências públicas, bem como pelo vigor do mercado de trabalho que se reflete em taxas de desemprego historicamente baixas e em crescimento dos salários, apesar de certa acomodação na margem". Atas do comitê de reuniões do início do ano atribuíam aos reajustes salariais apenas uma das causas de pressões à inflação no país. Agora, o Banco Central admite que própria "moderação" dos mercados externos é suficiente para evitar elevações excessivas de preços.
Na mesma ata, o Copom chama a atenção para a continuidade da deterioração do cenário internacional: "Os riscos para a estabilidade financeira global se ampliaram". Entre as várias observações da ata, o comitê informou que trabalho com cenário em que a taxa de inflação se posicionará "em torno da meta" no ano que vem.
"Como hipótese de trabalho, admite-se que a atual deterioração do cenário internacional cause um impacto sobre a economia brasileira equivalente a um quarto do impacto observado durante a crise internacional de 2008/2009", diz a ata. A suposição é de que atual deterioração seja mais persistente do que a verificada no período anterior, porém "menos aguda, sem observância de eventos extremos".
Esse cenário pressupõe moderação da atividade doméstica e certa estabilidade da taxa de câmbio e dos preços das commodities – matérias-primas da agropecuária e da mineiração cotadas em mercados internacionais. "Mesmo com um ajuste moderado no nível da taxa básica de juros, no cenário central a taxa de inflação se posiciona em torno da meta em 2012, em patamar inferior ao que seria observado caso não fosse considerado o supracitado efeito da crise internacional", acrescenta o Copom. Para o comitê, a política monetária deve contribuir para consolidar um ambiente macroeconômico favorável em "horizontes mais longos."
Mesmo falando em moderação e em um "ambiente econômico em que prevalece nível de incerteza muito acima do usual", os diretores do BC acreditam que a demanda doméstica ainda é "robusta", devido ao consumo das famílias e ao efeito de "fatores de estímulo", como o crescimento da renda e a expansão do crédito". O Copom acredita que esse ambiente tende a prevalecer nos próximos trimestres, "quando a demanda doméstica será impactada pelos efeitos das ações de política monetária recentemente implementadas que, de resto, são defasados e cumulativos".
Por outro lado, há um cenário de contenção de despesas do setor público. Outro fator de contenção seria "a substancial deterioração do cenário internacional". O comitê sugere que manterá a política de ajustes moderados na taxa de juros, que considera consistentes com o cenário de convergência da inflação para a meta no ano que vem.
Rede Brasil Atual