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TODOS PENSAM EM INVESTIR, DIZ PRESIDENTE DO BANCO SANTANDER

Fábio Barbosa falará sobre empreendedorismo e sustentabilidade em promoção da Junior Achievement

Em pouco menos de duas semanas, Fábio Barbosa, presidente do Santander no país, vem pela segunda vez ao Estado. No dia 18, a missão era festiva: acompanhar a final da Libertadores no Beira-Rio e ciceronear o rei Pelé. Santista inveterado, como se define, acredita que seu grau de torcedor tenha aumentado ao lado do rei. Diz ter ficado feliz com a vitória do Inter, embora ainda não se sinta colorado. Amanhã, o presidente do Santander – instituição com ativos de R$ 347 bilhões, 23 milhões de clientes e lucro de R$ 3,5 bilhões no primeiro semestre – vai falar sobre empreendedorismo e sustentabilidade em promoção da Junior Achievement na Capital. Na sexta-feira, em longa conversa com ZH, Barbosa, 55 anos, falou sobre o bom momento vivido pelo Brasil. A seguir, os principais trechos da entrevista do executivo, formado em administração de empresas com MBA na Suíça, casado e pai de três filhos, que também preside a Federação Brasileira dos Bancos (Febraban).

Zero Hora – Recente levantamento mostrou que, de 23 setores econômicos, o financeiro, representado por 25 bancos, foi o de maior lucro no segundo trimestre. Não existe incongruência quando o financeiro ganha da produção?

Fábio Barbosa – Não vi o estudo, mas, ao longo dos últimos oito anos, pesquisas mostram que o setor financeiro aparece sempre como o quinto ou oitavo mais rentável sobre o capital. Não sei o período avaliado, mas não se pode concluir que o setor financeiro está ganhando mais do que a indústria. O estudo, como você diz, analisou só 25 bancos muito grandes. Aí se faz a manchete, que é sempre gostosa de dar, mas existe uma distorção grande. A rentabilidade do sistema financeiro do Brasil não destoa da do mundo. Por sorte, como disse o presidente Lula, o sistema financeiro tem obtido bons resultados.

ZH – O Brasil tem grandes obras de infraestrutura, não só do PAC, mas também projetos ligados à Copa e aos Jogos Olímpicos. Precisará de muito crédito nos próximos anos. É missão para o próximo governo?

Barbosa – Certamente o BNDES terá condições de arcar com parte desse financiamento, mas outra parte ficará para o setor privado. Hoje o mercado não mostra preparo para isso. Os primeiros passos poderão ser dados agora, mas é um projeto de alguns anos para resolver, na medida em que afeta resquícios da época da inflação, de indexação e correção diária dos investimentos. Tem de mudar nos dois lados, mas é duro mexer na psicologia das pessoas.

ZH – Existe receio em relação ao resultado das eleições?

Barbosa – Nenhum. Independentemente de qual venha ser o resultado, ninguém está repensando projeto. Desde o começo do processo eleitoral, isso nunca foi um fator relevante nas decisões. Todos pensam em investir porque entendem que a economia brasileira está em um patamar que permite pensar em prazo mais longo.

ZH – Já se fala que o crescimento poderá superar 7% este ano, devendo se acomodar em 2011. Qual é o cenário viável para o banco?

Barbosa – É preciso um pouco de cuidado, porque 2009 foi um ano muito fraco. Então, o crescimento de 7% tem muito a ver com isso. Para 2011, 2012, é de se esperar que o Brasil volte ao crescimento de 4%, 5%, que pode ser considerado sustentável. E que poderá se prolongar por mais anos, sem causar maiores rupturas.

ZH – O sistema financeiro está passando por mudanças, com mais regulação. O Santander está preparado para isso?

Barbosa – Prefiro falar sobre o Brasil, onde a supervisão do Banco Central (BC) tem sido excelente. O país passou pela crise porque tem uma supervisão muito próxima do BC. No momento, precisamos que se criem alguns mecanismos que permitam crédito de longo prazo.

ZH – O Santander deve obter no Brasil 25% de seu resultado mundial. Como o banco avalia o potencial de crescimento do país?

Barbosa – É difícil falar pela matriz, mas no Brasil estamos muito otimistas com o crescimento, tanto que, no final de 2009, tivemos um aumento de capital, um dos maiores do país, para fazer frente ao crescimento da economia. Foi o reconhecimento ao potencial do Brasil.

ZH – O Santander está concluindo a união com o Real. Qual foi o obstáculo mais difícil de superar?

Barbosa – É complexo quando há duas estruturas tão grandes como Santander e Real, 25 mil pessoas em cada uma. Buscamos o melhor de cada banco, mas essa definição de não adotar um só sistema dá muito trabalho. Em outras uniões, prevalecia uma linha, mas procuramos o melhor de cada, sem um vencendo o outro.

ZH – Qual é sua dica para quem deseja empreender, ter o próprio negócio no mundo sustentável?

Barbosa – Estão surgindo oportunidades com a nova visão do consumidor em relação à sustentabilidade, como na busca de energia limpa e reciclagem. Mesmo nos setores tradicionais, existe a certeza de que é possível, sim, se estabelecer como empreendedor com as regras estabelecidas, apesar da carga fiscal.

 

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