Cerca de 700 bancários de várias regiões do país promoveram na manhã desta terça-feira (16) uma lavagem da rampa principal de acesso do Banco Central, em Brasília, num ato simbólico de descarrego contra as resoluções da instituição que ampliam as funções dos correspondentes e precarizam o trabalho bancário. A manifestação contou com a presença de um pai de santo e baianas, água de cheiro, rosas brancas e tambores, e com som da escola de samba Bola Preta de Sobradinho.
"Hoje o Banco Central atua mais como um sindicato dos banqueiros, sem observar a necessidade de uma regulamentação do sistema financeiro que gere desenvolvimento com distribuição de renda e que não precarize as atividades dos trabalhadores do ramo", frisou Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT e coordenador do Comando Nacional dos Bancários.
"Hoje é o dia de dizermos um grande não à precarização do trabalho e ao nivelamento dos clientes e usuários somente pela renda. Pedimos transparência das decisões do Banco Central à sociedade, emprego decente e condições de atendimento adequadas para a população", disse Miguel Pereira, secretário de Organização do Ramo Financeiro da Contraf-CUT.
"Temos que fazer o enfrentamento dessa realidade na Campanha Nacional dos Bancários 2011 com vistas à valorização da categoria. Não vamos baixar a cabeça. Vamos lutar pelo emprego decente para todos os trabalhadores do ramo financeiro", afirmou Rodrigo Britto, presidente do Sindicato dos Bancários de Brasília.
A atividade antecedeu a participação dos bancários e outros trabalhadores ligados à Central Única dos Trabalhadores (CUT) na audiência pública da Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados, que discute o Projeto de Decreto Legislativo (PDC) nº 214/2011, de autoria do deputado federal Ricardo Berzoini (PT-SP), na tarde desta terça-feira, que trata da suspensão das resoluções do BC sobre os correspondentes.
Entenda
O PDC 214 suspende a aplicação dos artigos 1º a 21º, dos incisos I e II do artigo 22, e do inciso II do artigo 23 da Resolução 3.954, de 24 de fevereiro de 2011 do Conselho Monetário Nacional (CMN).
Observa que a ampliação das funções dos correspondentes bancários, da forma prevista nessas resoluções, é uma cadeia de precarização do trabalho, podendo ainda comprometer a segurança dos usuários e também o sigilo bancário, já que as informações dos clientes podem ser repassadas a terceiros sem sua autorização expressa, por exemplo.
Fonte: Thaís Rohrer – Seeb Brasília