Além dos R$ 740 milhões investidos na aquisição de 36,5% do ex-banco de Silvio Santos, instituição do governo fez novo aporte de R$ 658 milhões.
O investimento da Caixa Econômica Federal no Panamericano já chega a R$ 1,4 bilhão, considerando apenas os valores relativos à participação acionária de 36,56% no banco que pertencia a Silvio Santos. Ou seja, sem levar em conta os recursos para garantir seu funcionamento no dia a dia.
Para entrar no Panamericano, a Caixa pagou R$ 740 milhões. Na semana passada, o banco público colocou mais R$ 658 milhões, em uma operação de aporte de capital feita em conjunto com o outro sócio do Panamericano, o BTG Pactual.
O dinheiro novo servirá, segundo os sócios, para equilibrar de vez as contas do banco após a descoberta – e resolução – das fraudes contábeis de R$ 4,3 bilhões. Além disso, parte do dinheiro será usada para bancar a compra da Brazilian Finance & Real Estate – maior financeira independente de empréstimos imobiliários do País -, anunciada no fim do ano passado.
Desde que entrou no negócio, em dezembro de 2009, a Caixa ainda não obteve retorno com o investimento no Panamericano. Mesmo assim, a direção do banco informa, por meio da assessoria de imprensa, que está satisfeita com o negócio.
"A capitalização do Panamericano, aprovada em Assembleia de Acionistas nessa quarta-feira (da semana passada), marca a nova fase do banco, agora consolidado para competir no mercado e ser um dos agentes de desenvolvimento do País", informa a instituição, em nota.
Um analista de mercado que pede para não ser identificado pondera, no entanto, que a Caixa poderia ter feito uso melhor do R$ 1,4 bilhão aplicado no Panamericano até agora. Ele lembra que, nos últimos anos, em média, as negociações de bancos tiveram um preço equivalente a uma vez e meia o patrimônio líquido. Isto é, um banco com patrimônio de R$ 1 bilhão foi, na média, vendido por R$ 1,5 bilhão.
Outras opções. Tomando por base essa média e o fato de a Caixa possuir apenas 36,56% do capital total do Panamericano, daria para comprar, com o mesmo valor de investimento, participações em bancos como Cruzeiro do Sul, Bicbanco, Pine, Fibra, Daycoval, Alfa e Sofisa, entre outras instituições. Vale frisar que todos pertencem ao segmento dos chamados bancos médios, onde também se encaixa o Panamericano.
Mais até: com R$ 1,4 bilhão, a Caixa poderia tornar-se sócia, de uma só vez, de Cruzeiro do Sul, Pine e Fibra, que, somados, tinham patrimônio líquido de R$ 3,2 bilhões em setembro, segundo dados enviados ao Banco Central (BC). O exercício considera uma participação da Caixa nessas instituições igual à que detém no Panamericano.
Quando começo a cogitar a expansão por meio de aquisições, na esteira da piora da crise global, entre 2008 e 2009, a Caixa deixou claro que não tinha como objetivo adquirir integralmente outros bancos.
A intenção da Caixa era ser sócia, para aproveitar a especialização que a instituição adquirida já possuía. No caso do Panamericano, atraiu a Caixa a participação expressiva no mercado de financiamento para veículos.
O mesmo analista nota que o desembolso total da Caixa já ultrapassa o R$ 1,4 bilhão, por causa dos investimentos para garantir a operação do Panamericano no dia a dia. É com esse objetivo que a Caixa tem comprado, por exemplo, muitas carteiras de crédito do antigo banco de Silvio Santos.
Com a credibilidade abalada pelo escândalo, o Panamericano encontrou dificuldades para obter recursos no mercado interbancário. Por isso, os novos sócios se comprometeram a comprar carteiras de crédito originadas dentro do banco.
O balanço mais recente da Caixa, relativo a setembro de 2011, mostra que o limite para essas aquisições é de R$ 8 bilhões. Até agora, no entanto, o total comprado não chega a R$ 1 bilhão.
(Fonte: O Estado de S. Paulo)