A CPI da Petrobras foi instalada ontem com uma demonstração de força do governo, que, por 8 votos a 3, elegeu o senador João Pedro (PT-AM) presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito, indicou como relator o seu líder no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR) e ainda impediu que a oposição aproveitasse a ocasião para fazer discurso e acusações de irregularidades na estatal.
A instalação foi possível graças a um acordo entre a oposição e o governo: o Palácio do Planalto cedeu ao deixar de obstruir a criação da CPI, o que fazia há quase dois meses, e a oposição, ao concordar em votar a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). Sem a votação, o Congresso não pode sair de férias (recesso).
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu o sinal verde para a instalação a seus líderes no Senado, Ideli Salvatti (PT-SC) e Romero Jucá, na noite de véspera. Na mesma ocasião reafirmou apoiou à manutenção no cargo do presidente do Senado, José Sarney, alvo de uma série de acusações, inclusive de desvio de recursos de patrocínio da Petrobras destinados à fundação que leva seu nome.
Até a noite de segunda-feira, o governo trabalhava com a hipótese de instalar a CPI e deixar para agosto a eleição do presidente e a escolha do relator. Mas decidiu resolver tudo ontem para deixar PSDB e DEM sem discurso durante o recesso, quando escasseiam notícias políticas e a oposição aproveita para ocupar o noticiário.
Venceu, portanto, a tese do senador Romero Jucá. O líder da maior bancada (PMDB), Renan Calheiros, defendia que as escolhas ficassem para agosto. Governo e Petrobras não têm dúvidas de que o PMDB decidiu usar o peso de maior bancada do Senado – será o fiel da balança nas votações da CPI – para proteger o mandato do senador José Sarney, inclusive de investidas do próprio PT – nem toda a bancada petista concorda com a proteção que Lula deu ao ex-presidente da República.
Fonte: Valor Online