Houve momentos de grande tensão nas discussões fechadas dos líderes do G-20, ontem, em Londres. O Valor apurou que o maior confronto envolveu França, Reino Unido e China sobre os paraísos fiscais. A França queria criar uma lista dos paraísos que não respeitarem as regras que põem fim ao segredo bancário. A China tentava proteger Hong Kong e Macau. A divergência levou o presidente americano, Barack Obama, a se levantar e chamar os chefes de Estado de França, China e Reino Unido para um canto da sala e tentar um compromisso, que afinal deu certa vantagem à França.
Apesar desse confronto, o resultado da reunião foi saudado ontem pelos mercados, com alta das bolsas e até do petróleo. Como antecipou a imprensa brasileira, os líderes aprovaram um pacote de US$ 1,1 trilhão para restaurar o crédito, crescimento e empregos na economia mundial. O grupo diz esperar crescimento global acima de 2% até o fim de 2010, com gastos acumulados de US$ 5 trilhões. Além de estímulo fiscal, o grupo vai manter as ações dos bancos centrais para reduzir juros, usando inclusive instrumentos "não convencionais".
Embalado pelas decisões do G-20, o governo brasileiro prometeu novas medidas fiscais, com reduções tributárias para encurtar a crise e estimular o crescimento. "Quero ser o Cassius Clay dessa crise e dar um nocaute nela", afirmou o presidente Lula. Obama cumprimentou Lula chamando-o de o "político mais popular da Terra". Lula retribuiu depois: "Obama é o primeiro presidente dos EUA com cara da gente. Se chega à Bahia, vão pensar que é baiano".
Fonte: Valor Online