Os países do G-20 poderão anunciar hoje um acordo para aumentar os recursos disponíveis do Fundo Monetário Internacional (FMI) em US$ 300 bilhões, por meio de novas contribuições, elevando a US$ 700 bilhões a capacidade de empréstimo do fundo para servir de proteção contra o contágio da crise na zona do euro.
A capacidade total de resposta à crise pode chegar a US$ 1 trilhão, se houver acordo também para o FMI fazer nova alocação de US$ 250 bilhões em Direitos Especiais de Saque (DES), sua moeda virtual, para reforçar a liquidez global. Essas cifras estavam colocadas entre colchetes em documento ao qual o Valor teve acesso e permaneciam em negociação. "Os franceses querem divulgar uma cifra realmente importante, de pelo menos o dobro do que o FMI dispõe", disse um negociador.
Não está claro como os recursos do FMI seriam integrados na alavancagem do Fundo Europeu de Estabilização Financeira (EFSF, na sigla em inglês) para socorrer países e bancos em dificuldades, que por sua vez deve pular para € 1 trilhão.
O presidente francês, Nicolas Sarkozy, afirmou que países europeus e de fora da região se "aproximavam" sobre o aumento de recursos para o FMI. Os EUA, maiores acionistas do Fundo, defenderam maior barreira de proteção contra contágios. "O FMI deve ter um papel de apoio importante", disse o presidente Barack Obama. Mais tarde, um assessor da Casa Branca esclareceu que não havia planos para os EUA fornecerem recursos adicionais ao Fundo.
A presidente Dilma Rousseff confirmou que o Brasil está pronto para contribuir com recursos para o FMI buscar uma solução para a crise da dívida soberana na zona do euro. Dilma disse que o Brasil é solidário, mas é preciso liderança, visão clara e rapidez na solução dos problemas. Países emergentes, por outro lado, mostram-se crescentemente preocupados com os enormes volumes de financiamentos do FMI tomando o rumo da Europa Ocidental.
Na versão em negociação do comunicado final do G-20, os líderes das maiores economias apoiam proposta do FMI para nova linha de liquidez de precaução, que deverá ser aprovada rapidamente. Esse instrumento permitiria ao Fundo socorrer países com problemas de curto prazo com valores mais expressivos e menos condicionalidades.
Os líderes do G-20 trabalhavam ontem à noite em um pacote de medidas para combater a crise. Um "plano importante" poderá ser anunciado hoje, segundo Sarkozy.
Valor Online